140 casos de violência com armas nas escolas

Canivetes, armas a fingir e espingardas do pai

4 abril 2008 8:53

A ministra da Educação afirmou que os 140 casos de violência com armas, registados no ano lectivo de 2006/2007 e referidos ontem pelo Procurador-Geral da República, se tratam de um "conjunto de situações muito variado".

4 abril 2008 8:53

O Ministério da Educação registou, no ano lectivo de 2006/2007, 140 casos de violência com armas nas escolas. Alunos com canivetes, alguns que utilizam "armas a fingir" e outros que "levam espingardas do pai, que é caçador". É "um conjunto de casos muito variado" referiu ontem a Ministra Maria de Lurdes Rodrigues, a propósito dos dados apresentados ontem pelo Procurador-Geral da República após a audiência com o Presidente da República sobre a violência nas escolas, na sequência do caso da Secundária Carolina Michaelis

Pinto Monteiro disse que "há alunos levam pistolas de 6,35 e 9 mm para as escolas... para não falar de facas, que essas são às centenas". "Quando não são os pais que dizem aos filhos para levarem a sua pistola para a escola para se defenderem", contou o Procurador, preocupado com a "impunidade" que se vive nas escolas e no país.

O Procurador-Geral da República (PGR), Pinto Monteiro, apelou ontem aos conselhos executivos das escolas e aos professores para que denunciem todos os casos de agressões praticadas dentro dos estabelecimentos de ensino, actos que configuram um crime público.

Os órgãos directivos das escolas e os docentes "têm de ter coragem, obrigação e dever cívico para participarem" os casos de violência, afirmou Pinto Monteiro.

O PGR adiantou ainda que os professores não devem ter medo de sofrer represálias ao denunciarem os casos de violência e indisciplina de que são vítimas.

A ministra da Educação afirma, no entanto, que "a maior parte dos casos são nas imediações da escola, não são no seu interior".

O presidente da Confederação Nacional de Associações de Pais (CONFAP) manifestou-se preocupado com a situação, que qualificou como uma "espiral de guerra civil" nas escolas portuguesas, aludindo à existência de alunos que vão armados para as aulas.

"Não estamos num tempo fácil, estamos a entrar numa espiral de guerra civil nas escolas. [Os alunos] estão a começar a levar armas para se defenderem", disse Albino Almeida, durante um debate no Casino da Figueira da Foz.