22 dezembro 2007 0:01
O combate ao narcotráfico no país africano é uma prioridade do Governo de Dafa Cabi. Mas ainda não foi preso nenhum traficante.
22 dezembro 2007 0:01
O primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Martinho N'Dafa Cabi, parece determinado nos seus objectivos de transformar o país num Estado com lei e autoridade: "Para nós, a prioridade das prioridades é a luta contra o narcotráfico", disse ao Expresso numa conversa que ocorreu à margem da Conferência Internacional sobre Combate ao Narcotráfico na Guiné-Bissau, organizada pela presidência portuguesa da União Europeia (UE).
João Gomes Cravinho, secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação e organizador deste evento - que contou com a participação da agência das Nações Unidas responsável pelo combate ao tráfico de drogas, da UE e de vários países africanos - afirmou: "O problema diz respeito a toda a região da África ocidental, mas também aos países consumidores da Europa".
As redes de tráfico de cocaína proveniente da América do Sul têm tido um entreposto 'paradisíaco' nas 80 ilhas guineenses. Muitas estão desabitadas e o seu policiamento é nulo, porque "a Guiné-Bissau é um Estado com muita fragilidade", justificou Dafa Cabi, adiantando: "Não temos traficantes, não temos consumidores, mas temos pessoas que usam o nosso território". Para resolver este problema, "temos de restabelecer a autoridade do Estado e, por isso, vemos esta conferência como um exemplo vivo de actuação concertada da comunidade internacional e da UE - através da presidência portuguesa - que estão ao lado da Guiné-Bissau neste combate".
Interrogado pelo Expresso sobre detenções de traficantes, respondeu: "Desde que assumimos o Governo, ainda não apanhámos casos tão flagrantes que levem à prisão. Mas já desmontámos várias redes de apoio" ao tráfico. Cabi acolhe de braços abertos os dois milhões de euros que a União Europeia vai doar em 2008 para o Plano Operacional de Combate ao Narcotráfico, bem como os três milhões que Portugal doará (em três tranches anuais de um milhão).
Confrontado com o facto de a Guiné-Bissau ser um "Estado falhado" - declaração feita por Antonio Mazzitelli, representante do UNODC, em entrevista ao Expresso há cerca de um mês -, Cabi limitou-se a responder: "É a opinião dele e eu respeito-a. Pode ter mais dados do que nós. Não quero adiantar mais nenhum comentário sobre o assunto". Cabi diz que "o (seu) Governo não faz pressões sobre os jornalistas" que noticiam o narcotráfico. "Na Guiné a liberdade de imprensa ultrapassa os níveis normais de África. Nunca interceptamos jornalistas".