Pela primeira vez em quatro anos

Inspector da ONU chega à Birmânia

11 novembro 2007 18:13

Pedro Chaveca

O brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro acabou de chegar ao país asiático e já disse que espera poder encontrar-se com os prisioneiros políticos e movimentar-se sem restrições, caso contrário "apanho o avião de volta e vou-me embora", avisou.

11 novembro 2007 18:13

Pedro Chaveca

Menos de uma semana depois da estadia do enviado especial da ONU, Ibrahim Gambari, chegou à Birmânia o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, inspector das Nações Unidas e que não era autorizado a entrar no pais asiático desde 2003.

O objectivo de Pinheiro é menos diplomático do que o do seu colega nigeriano e dividir-se-á em visitas a centro de detenções e prisões, onde estarão encarcerados os presos políticos, detidos durante os protestos de Setembro.

O representante da ONU sabe que tem uma tarefa difícil pela frente e que consistirá em saber quantas pessoas foram mortas, detidas e quantas continuam desaparecidas. O momento não é para meias palavras e o brasileiro já deixou um aviso aos poderosos da Birmânia: "Se não me oferecerem cooperação total, apanho o avião de volta e vou-me embora", avisou ainda antes de aterrar em Rangum.

Alguns grupos de defesa dos direitos humanos sugeriram que Pinheiro exija a libertação de todos os presos políticos, incluindo os detidos nos confrontos de Setembro.

Pressões começam a dar frutos

Esta missão do diplomata brasileiro já motivou também a satisfação de membros do partido da oposição, Liga Nacional para a Democracia (LND): "Esperamos encontramo-nos com ele, mas ainda não ouvimos nada da parte das autoridades", lamentou Nyan Win da LND, cuja líder Aung San Suu Kyi, continua detida domiciliarmente há 18 anos.

Paulo Sérgio Pinheiro que deverá permanecer na Birmânia até quinta-feira já tem viagem marcada para a capital, Nyapydaw, amanhã de manhã, contudo e segundo fonte da ONU ligada à viagem do diplomata brasileiro "ainda estão a ser alinhavados alguns pormenores" quanto ao itinerário.

Embora os generais sempre se tenham mostrado renitentes em oferecer liberdade total de movimentos aos vários inspectores e organizações que passaram pela Birmânia - o que já fez a Cruz Vermelha suspender a sua missão no país - as concessões que terão agora de fazer para que Sérgio Pinheiro possa cumprir o seu trabalho devem-se em grande parte "às pressões internas e externas dos últimos meses", opinou o correspondente da BBC na Ásia.