Um mês depois da primeira visita

Gambari está de volta à Birmânia

3 novembro 2007 12:22

Pedro Chaveca

À chegada o enviado especial da ONU já tem dois problemas para resolver: ajudar a trazer a Birmânia para a lista das nações livres e a recente expulsão do país do mais alto representante das Nações Unidas.

3 novembro 2007 12:22

Pedro Chaveca

Ibrahim Gambari, o enviado especial da ONU está de volta à Birmânia depois de ter visitado o país no início de Outubro, quando a nação do sul da Ásia foi palco dos mais violentos confrontos nos últimos 20 anos.

O diplomata nigeriano, que levou a cabo um périplo asiático para reunir apoios, tem como objectivo incentivar o início de conversações entre a junta militar que governa o país com mão de ferro há mais de quatro décadas e os partidos da oposição para que sejam feitas reformas políticas e a Birmânia regresse à democracia.

Embora no final do mês, Aung San Suu Kyi, líder do partido Liga Nacional para a Democracia (LND), se tenha encontrado com um dos generais da cúpula militar, poucos avanços foram feitos.

Demissão pouco clara

Hoje Gambari para além da sua missão principal vai ter de se preocupar com a demissão recente de Charles James Petrie, coordenador do Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento (PNUD), o mais alto representante da ONU na Birmânia e a trabalhar no território desde 2003.

Apesar de não ter havido nenhuma explicação oficial por parte do governo birmanês, a razão para a expulsão de Petrie pode ter sido um artigo escrito pelo diplomata há uma semana, em que criticou ferozmente a grave crise económica que asfixia o país.

Esta delicada situação diplomática vai criar problemas a Gambari que em vez de se concentrar unicamente no problema das reformas democráticas, e num gradual regresso à democracia, vai ter de se preocupar em negociar com os generais um substituto para Petrie, perdendo tempo precioso da visita.

Birmânia cada vez mais silenciosa

Alguns analistas defendem que esta foi a verdadeira razão para a demissão do coordenador da ONU, o que já levantou muitas críticas a nível mundial.

"Este anúncio surge num momento muito mau e envia igualmente uma mensagem contraditória sobre a vontade da Birmânia de continuar a dialogar com a ONU sobre os progressos da situação política e sócio-económica", sublinhou numa declaração o governo de Singapura, que preside actualmente à presidência da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).

Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU não escondeu a sua desilusão por este retrocesso e Washington acusou os generais de estarem a "querer esconder as suas atrocidades do resto do mundo".

Numa altura em que a Internet está cortada desde quinta-feira e a difusão de informação volta a sofrer graves restrições, não se esperam facilidades para Ibrahim Gambari.