A revolta poderá ganhar novo fôlego

Monges regressam às ruas

1 novembro 2007 12:04

Pedro Chaveca

Mais de uma centena de monges budistas regressaram aos protestos. Embora tenham sido numa remota cidade do norte, a promessa das manifestações se voltarem a expandir pelo país já foi feita.

1 novembro 2007 12:04

Pedro Chaveca

Os monges budistas detidos durante os protestos do passado mês de Setembro voltaram a manifestar-se nas ruas da Birmânia.

Desta vez a marcha foi na remota cidade Pakokku, no interior norte do país e participaram pouco mais de uma centena de monges. Contudo deixaram o aviso que poderão ser muitos mais dentro de pouco tempo: "Vão haver protestos maiores e mais organizados", assegurou um monge recentemente libertado, sob anonimato. "Agora estamo-nos a reunir e também à espera do momento ideal para começarmos tudo de novo".

A revolta continua

A dois dias da chegada do enviado da ONU para a Birmânia, Ibrahim Gambari, a "revolta cor de açafrão" parece estar prestes a voltar às ruas birmanesas. Até porque o que muitos dos presos viram e sentiram não pode ser esquecido. "Eu vi tantos homens com as costas em carne viva depois de terem sido espancados. Alguns dos monges sangravam da boca e um deles já não tinha dente nenhum", recorda à cadeia Al Jazeera um ex-detido.

Embora a junta militar que governa o país tenha levantado o recolher obrigatório e amenizado as restrições impostas durante os conflitos, as reivindicações de quem se sente amordaçado não se alteraram um milímetro: "O nosso desejo é que se baixe o preço dos combustíveis, se alcance a reconciliação nacional e se liberte imediatamente Aung San Suu Kyi [líder da oposição birmanesa detida em prisão domiciliária] e todos os presos políticos".

Crianças soldado

As acusações feitas ao governo birmanês por desrespeito aos direitos humanos, não param de aumentar. Recentemente a organização humanitária "Human Rights Watch" assegurou que crianças com dez anos estão a ser alistadas no exército, depois de serem aliciadas com dinheiro e outros incentivos.

Esta medida desesperada já foi negada por parte da cúpula militar que insinuou tratarem-se de "acusações sem qualquer tipo de bases e mentiras exageradas por grupos que operam na fronteira do país". 

A incorporação forçada deve-se à cada vez maior deserção nas fileiras do exército e de acordo com alguns monges entrevistados pela televisão do Catar só levará a mais violência.