ARQUIVO A festa de Darwin

Herdeiros de Darwin: Catarina Pinho resolve quebra-cabeças evolutivo

6 março 2009 13:42

A bióloga Catarina Pinho procura resolver o "quebra-cabeças evolutivo" que está por detrás da enorme diversidade dos peixes do Lago Malawi.

6 março 2009 13:42

É uma das mais promissoras biólogas nacionais. Quem o garante é Nuno Ferrand, director do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO) da Universidade do Porto, onde Catarina Pinho se encontra a realizar o pós-doutoramento.

"É a mais brilhante aluna que tive em 30 anos de ensino". Tantos quantos os da jovem cientista, contemplada em Janeiro com uma das duas bolsas de investigação da Fundação Gulbenkian, no valor de 50 mil euros, para desenvolver um projecto na fronteira das ciências da vida.

Depois de, no seu doutoramento, ter estudado as lagartixas do género Podarcis, os vulgares répteis rastejantes que podemos ver um pouco por todo o lado, Catarina procura agora desvendar um "quebra-cabeças evolutivo": o que está por detrás da enorme diversidade ocorrida num tão curto espaço de tempo nos ciclídeos do Lago Malawi (África), peixes coloridos que estão descritos em cerca de 600 espécies diferentes.

A Catarina interessa, sobretudo, estudar a evolução e perceber o modo como ela se processa. "Procuro compreender os mecanismos pelos quais ocorre a diversificação biológica, desde o isolamento das populações até à formação de novas espécies", explica a cientista ao Expresso.

Para isso, socorre-se da genética, comparando porções de ADN de indivíduos pertencentes a populações de uma espécie ou de espécies diferentes, para assim poder determinar relações de "parentesco" evolutivo. Um processo que a levou a inscrever-se numa segunda licenciatura, em Matemática, para melhor dominar as ferramentas da genética.

"Estes métodos permitem-nos, de certo modo, viajar no tempo; olhar para os padrões de variabilidade genética que encontramos actualmente ajuda-nos a perceber não só o presente mas também o passado desses organismos", refere a bióloga, cujo trabalho está perfeitamente alinhado com a teoria evolutiva gizada por Darwin.

"Procuramos descrever o modo como ocorreu a evolução (como surgiram novas espécies, por exemplo) e tentar explicar os processos, sejam eles biológicos, climáticos, geológicos ou outros, que ajudaram a moldar a diversidade biológica".

  • Doutoramento em Biologia pela Universidade do Porto em 2007
  • Bolseira de pós-doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia desde 2007 (entre o CIBIO e a Universidade de Rutgers, nos EUA)
  • Projectos de investigação financiados pela FCT e pela Fundação Calouste Gulbenkian (a começar em breve)
  • Distinguida com um apoio no âmbito do Programa de Apoio à Investigação na Fronteira das Ciências da Vida da Fundação Calouste Gulbenkian, em 2009.
  • Cinco artigos publicados ou em publicação em revistas científicas internacionais como a BMC Evolutionary Biology (2008) ou Molecular Ecology (2007).