8 agosto 2014 12:51

Os suecos Opeth tocam às 00h deste sábado
foto opeth.com
Vagos, 08 de agosto de 2014: há canções que não são como as outras que começam a entoar. É assim desde 2009. Será de novo, até domingo. Este é o Vagos Open Air. Temos metal.
8 agosto 2014 12:51
Vai ser assim: homens e mulheres orgulhosos dos seus cabelos longos, apoiados em botas complicadas e trajes sombrios, com pescoço e costas a balançarem de cima para baixo e de baixo para o céu, mão erguida com indicador e mindinho hirtos mas polegar, médio e anelar recolhidos. E também vai ser assim: homens e mulheres confortáveis nos seus cabelos curtos, arranjados em sapatilhas descomplicadas e trajes coloridos, com pescoço e costas imóveis mas pezinho a bater no chão, mão em baixo e encostada ao corpo sem indicador e mindinho arrebitados. Porque o metal é de todos e para todos - em Vagos, pelo menos. Porque é lá, a 10 quilómetros de Aveiro, que acontece o maior festival de metal do país. É desta sexta até domingo.
Primeiro, o público: há portugueses como nós, mas israelitas, australianos, brasileiros, suíços, britânicos e muitos espanhóis também. Depois, eles e elas, as bandas: há Opeth, suecos com um toque uruguaio que praticam death metal progressivo (agora com menos death, porque abdicaram da voz densa e gutural de outrora - suavizaram a possança do metal); há Kreator, que exercem thrash (não confundir com lixo - aqui é agressividade com afeto germânico); há Behemoth, gente de canções obscuras-tensas-indelicadas-essenciais; há Paradise Lost, negros e arrastados, góticos e românticos. E há mais e relevantes além destes quatro - mas todos em margem transgressora e singular (isto é enaltecimento, mas também constatação - o metal é ocorrência difícil e exigente).
E Vagos porquê? "Desde 2006/2007 que estávamos a fazer um esboço de um festival de verão. Fizemos uma tentativa no Porto, depois fizemos a seguir em Carcavelos. Em 2009, fizemos a primeira edição em Vagos e ficou." Explicações de Carlos Marreiros, da Prime Artists, que organiza o Vagos Open Air. "Acabámos por ficar numa zona que é perto para quem vem do Norte, mas também não é longe para quem chega do Sul."
Ponto de ordem: "É um festival que, curiosamente, é cada vez mais familiar. Em que já não é só o metaleiro típico que vai ao festival, já são as famílias. Já vai a mulher, as crianças. Também sentem alguma segurança no festival e o ambiente é propício a isso. É música pesada mas o ambiente não é". Mais anotações de Carlos Marreiros.
Agora dinheiros: o orçamento é de 300 mil euros, metade vai para pagar às bandas. Há apoio da Câmara, que tem um presidente que aprendeu o metal - e que já conheceu as designações dos subgéneros. "Já aprendi a gostar. Não era, obviamente, o meu tipo de música, mas agora já lhe posso dizer que existe o gothic metal, black metal, metal mais sinfónico, enfim... A minha idade também me permite ter capacidade para ainda aprender a gostar deste tipo de coisas." Silvério Regalado, 35 anos.

foto dr