"Futurismus" na Casa da Música

A Casa da Música, no Porto, inicia hoje o ciclo de concertos "Futurismus 2013". Num ano musical dedicado a Itália, o ponto de partida para este programa é o texto publicado por Filippo Tommaso Godoy Marinetti (Alexandria, Egito, 22 de dezembro de 1876 Bellagio, 2 de dezembro de 1944) na primeira página do jornal francês Le Figaro, a 20 de fevereiro de 1909 e intitulado "Fundação e Manifesto do Futurismo".

"Futurismus 2013" inclui uma seleção de obras do reportório que de alguma forma encarnam os preceitos estéticos e ideológicos do futurismo, acompanhadas de criações contemporâneas, algumas encomendadas pela Casa da Música (CM), a compositores que integram na sua linguagem a componente eletrónica.

Movimento marcado pelo modo como glorificava o poder da máquina, da velocidade, da tecnologia, da juventude, ou da violência, ao ponto de o próprio Marinetti ter sintetizado nos anos de 1920 as afinidades existentes entre o fascismo e o futurismo, esta foi, no essencial, uma criação italiana, com ramificações em vários países da Europa, da Rússia a Portugal.

Isso mesmo fica patente no programa do ciclo idealizado pela Casa da Música, que inclui peças históricas do reportório, como "Ballet Mécanique", de Georges Antheil, com a projeção do filme de Fernand Leger acompanhada ao vivo pelo Drumming - Grupo de Percussão, além de outras obras da estética futurista, como "Ionisation", de Varèse e o interlúdio para percussão de "O nariz", de Shostakovich.

Construtivismo russo 

O construtivismo russo fica representado por obras de Mosolov e Prokofieff que, sublinha o programa da Casa da Música, "retratam uma nova era da industrialização e uma nova realidade social da classe operária".

Uma das características dos diferentes ciclos organizados pela CM é a de, sempre que possível, assegurar a estreia de obras resultantes de encomendas próprias.

É o que acontece desta vez com um trabalho do reputado compositor francês Tristan Murail, bem como com a estreia de obras para ensemble e eletrónica de Oscar Bianchi e Wolfgang Mitterer, além de um concerto pelo Coro Casa da Música, com uma nova obra para coro e eletrónica de Carlos Caires sobre o "Manifesto anti-Dantas", de Almada Negreiros, um dos expoentes do futurismo em Portugal.

Obras em estreia 

O programa arranca hoje às 21 horas com "As fundições de aço, andamento sinfónico", de AlekSandr Moslov; Decreto nº 2 para o Exército das artes (sobre texto de Vladimir Mayakovski); nova obra para ensemble e eletrónica (estreia em Portugal) de Oscar Bianchi; e nova obra para ensemble e orquestra de baixos e guitarras elétricas (estreia mundial), de Wolfgang Mitterer.

Participam o Remix Ensemble Casa da Música, o Ensemble de baixos e guitarras elétricas, e a soprano Birgit Wegemann. A direção musical é de Peter Rundel.