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Nas cenas da vida conjugal do Festival de Cannes, é Justine Triet quem leva a melhor

Justine Triet e Sandra Hüller na estreia de "Anatomie D'une Chute", no Festival de Cannes
Justine Triet e Sandra Hüller na estreia de "Anatomie D'une Chute", no Festival de Cannes
Stephane Cardinale - Corbis

Não satisfeito de já ter mostrado um bom filme francês de tribunal (coisa rara), Cannes apresentou outro para ter em conta no Palmarés, “Anatomie d'une chute”. Mas Justine Triet evita as polémicas que costumam ser premiadas em Cannes, sobretudo quando o presidente do júri se chama Ruben Östlund. Mais vale procurá-las em “The Zone of Interest“, de Jonathan Glazer, e em “Club Zero”, de Jessica Hausner

Mostrado há alguns dias, “Anatomie d'une chute” não sai da cabeça e muitos em Cannes continuam a falar dele. Começa com uma hipótese de crime e acaba na barra do tribunal, como o ótimo “Le procès Goldman”, de Cédric Kahn, que abriu a Quinzena. Justine Triet escreveu com Arthur Harari (o realizador de “Onoda – 10000 Noites na Selva” que também é actor em “Le procès Goldman”) a história de uma mulher acusada do homicídio do marido. A audiência fica presa ao processo e a acreditar ou a duvidar da culpa ou da inocência porque Triet sabe guardar o segredo. Mas também há neste jogo méritos claros da intérprete, notável papel da alemã Sandra Hüller (a atriz de “Toni Erdmann”). É que a acusada é uma personagem complexa, uma escritora, tal como o marido que se suicidou ou que foi assassinado, vá-se lá saber (o papel de Samuel Theis é o de uma 'personagem-fantasma' que só se descobre nos flashbacks do julgamento).

Presume-se que Justine Triet tenha ido buscar a anatomia do título ao filme de Otto Preminger (“Anatomy of a Murder”) e que o chalé montanhoso em que a família vive com um filho de 11 anos foi escolhido a dedo para tornar o crime e a investigação credíveis. Esta última é trabalhada ao detalhe, com um sentido forense que exigiu trabalho de campo, não é só pluma inspirada de guionista. O marido caiu do terceiro andar e das duas uma: ou põs fim à vida, ou foi empurrado. E se alguém o empurrou, só pode ter sido Sandra, a escritora, sua mulher.


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