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Estância Sanatorial do Caramulo: a Montanha Mágica

Galeria de repouso, c.1930. Ao fundo, écran para projecção de filmes
Galeria de repouso, c.1930. Ao fundo, écran para projecção de filmes
D.R.

Na passagem dos 100 anos da inauguração do Grande Sanatório, o primeiro a ser construído, vale a pena recordar uma Estância - hoje desaparecida da memória coletiva - por onde passaram muitos milhares de doentes. É rara a família portuguesa que não recorde um antepassado ou um amigo que tenha estado internado no Caramulo

António José de Barros Veloso (Médico e um dos primeiros músicos de jazz em Portugal)

Em 1922 abriu ao público, na Serra do Caramulo, um sanatório para internamento de tuberculosos. Este foi o primeiro passo daquilo que viria a ser a Estância Sanatorial do Caramulo.

O médico Jerónimo Lacerda, responsável por este projecto, era filho do Sub-Delegado de Saúde em Tondela, vila onde passou a infância e cuja região conhecia bem. Depois de licenciado em Coimbra com elevadas classificações, foi mobilizado e esteve na Flandres durante a I Guerra Mundial. No seu regresso, em 1918, pôs de parte uma carreira académica que parecia estar ao seu alcance, para se dedicar à fundação, no Caramulo, de uma estância de sanatórios destinada ao internamento de tuberculosos.

A tuberculose, conhecida na Europa por “peste branca”, era então uma doença muito contagiosa, causadora de elevada taxa de mortalidade e de invalidez e que atingia, sem qualquer distinção, todos os estratos sociais. Acrescente-se que as terapêuticas medicamentosas ensaiadas até então (cálcio, sais de ouro), eram totalmente ineficazes, como mais tarde se viria a confirmar.

Foi neste contexto que, no século XIX, nasceu o “movimento dos sanatórios”, que se estendeu pela Europa e pela América do Norte, baseado na ideia de que a forma pulmonar da doença, a mais contagiosa e grave, podia beneficiar com o ar despoluído das montanhas de média altitude. Surgiu assim a tríade “ar puro, repouso e alimentação abundante” que durante décadas constituiu a fórmula mágica para o tratamento da doença. Submetidos a um regime de rigoroso internamento em sanatórios, os doentes lá permaneciam por tempo indefinido até morrerem ou terem alta com o rótulo muito duvidoso de “clinicamente curados”.

Jerónimo Lacerda estava a par de tudo isto e sabia que na Serra do Caramulo existiam já algumas iniciativas incipientes, ensaiadas para receber não só tuberculosos, mas também convalescentes ou fragilizados por várias doenças.

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