Em 1922 abriu ao público, na Serra do Caramulo, um sanatório para internamento de tuberculosos. Este foi o primeiro passo daquilo que viria a ser a Estância Sanatorial do Caramulo.
O médico Jerónimo Lacerda, responsável por este projecto, era filho do Sub-Delegado de Saúde em Tondela, vila onde passou a infância e cuja região conhecia bem. Depois de licenciado em Coimbra com elevadas classificações, foi mobilizado e esteve na Flandres durante a I Guerra Mundial. No seu regresso, em 1918, pôs de parte uma carreira académica que parecia estar ao seu alcance, para se dedicar à fundação, no Caramulo, de uma estância de sanatórios destinada ao internamento de tuberculosos.
A tuberculose, conhecida na Europa por “peste branca”, era então uma doença muito contagiosa, causadora de elevada taxa de mortalidade e de invalidez e que atingia, sem qualquer distinção, todos os estratos sociais. Acrescente-se que as terapêuticas medicamentosas ensaiadas até então (cálcio, sais de ouro), eram totalmente ineficazes, como mais tarde se viria a confirmar.
Foi neste contexto que, no século XIX, nasceu o “movimento dos sanatórios”, que se estendeu pela Europa e pela América do Norte, baseado na ideia de que a forma pulmonar da doença, a mais contagiosa e grave, podia beneficiar com o ar despoluído das montanhas de média altitude. Surgiu assim a tríade “ar puro, repouso e alimentação abundante” que durante décadas constituiu a fórmula mágica para o tratamento da doença. Submetidos a um regime de rigoroso internamento em sanatórios, os doentes lá permaneciam por tempo indefinido até morrerem ou terem alta com o rótulo muito duvidoso de “clinicamente curados”.
Jerónimo Lacerda estava a par de tudo isto e sabia que na Serra do Caramulo existiam já algumas iniciativas incipientes, ensaiadas para receber não só tuberculosos, mas também convalescentes ou fragilizados por várias doenças.
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