
“Blasted”, de Sarah Kane, é, nas palavras de João Telmo, o encenador, “uma radiografia das relações humanas” numa visão sombria da humanidade. Está em cena no Teatro da Trindade, em Lisboa, até 23 de abril
“Blasted”, de Sarah Kane, é, nas palavras de João Telmo, o encenador, “uma radiografia das relações humanas” numa visão sombria da humanidade. Está em cena no Teatro da Trindade, em Lisboa, até 23 de abril
Um quarto de hotel. Entram duas pessoas, Ian e Cate, ele quarenta e cinco anos, ela vinte e um – nas indicações cénicas; o que quer dizer, ele é mais velho do que ela, que parece bastante nova, e de uma classe social média-baixa. “Dá gorjeta ao preto quando ele trouxer as sandes”, diz ele; também diz que odeia aquela cidade, que cheira mal, “pretos e monhés a tomar conta de tudo”. A cena é em Leeds, poderia ser outra cidade. Ian não é um modelo de tolerância, e tem consigo um revólver, que nunca larga. Tem medo, acha que lhe querem fazer mal, “por coisas que fiz”, que enumera sumariamente, e que não são necessariamente coisas recomendáveis. Tem medo, e com razão. Cate é insegura, gagueja, tem ataques em que parece desmaiar, ficar como morta. Já foram namorados, agora ela veio porque achou que ele precisava de apoio, de companhia. O sexo parecia não estar nas previsões dela, mas estava nas dele. Mais tarde, ele vai forçá-la; ela vai acordar a sangrar, depois de uma noite de que Ian diz não se lembrar bem – bebe e fuma sem parar, apesar de dar a entender que, talvez por causa disso, não vá durar muito.
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