A neta de José Rodrigues Miguéis e a cuidadora da viúva do escritor disputam há quatro anos em tribunal os seus direitos de autor. A viúva de Rodrigues Miguéis, Camila Campanella, tinha deixado em testamento os direitos autorais e a gestão da obra a Odete Pedro, sua cuidadora nos últimos anos de vida. Por causa desse documento, os descendentes do escritor perderam o direito à herança.
De acordo com o jornal “Público”, a neta não biológica Mónica Jakobs deverá fornecer provas de que a sua mãe, Patrícia, foi adotada por José Rodrigues Miguéis e Camila. O escritor e a mulher terão ido buscar a mãe de Mónica a um orfanato quando já se encontravam em Nova Iorque, onde Rodrigues Miguéis morreu em 1980.
Na disputa judicial, que decorre há quatro anos, os tribunais dão razão a Odete, mas oferecem a Mónica a possibilidade de provar que lhe é devida uma parte da herança, mostrando documentos que comprovem a adoção da mãe pelo escritor.
José Rodrigues Miguéis, militante antifascista que se manifestou ao lado de nomes como Ernest Hemingway e John Dos Passos, ficou conhecido por iniciativas que extravasam a sua obra literária. Fez reverter as receitas de um conto que escreveu para o apoio à guerra civil espanhola. Foi ainda diretor da edição portuguesa, em Nova Iorque, das “Seleções do Reader's Digest”, e traduziu obras como “O Grande Gatsby”.
Com “Léah e Outras Histórias” conquista o prémio Camilo Castelo Branco. Já emigrado, tentou por três vezes regressar ao país de origem, mas teve problemas com a polícia política. José Rodrigues Miguéis morreu em 1980, em Manhattan, deixando uma obra vasta e parcos bens materiais.
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