Cultura

59.ª Bienal de Arte de Veneza termina com novo recorde de visitantes

O Palazzo Franchetti, do século XIX, foi transformado por Pedro Neves Marques numa nave espacial
O Palazzo Franchetti, do século XIX, foi transformado por Pedro Neves Marques numa nave espacial
Renato Ghia

A Exposição Internacional de Arte da Bienal de Veneza, em Itália, atingiu na 59.ª edição, que termina este domingo, um novo recorde de visitantes, com mais de 800 mil bilhetes vendidos

Sob o tema "The Milk of Dreams" ("O Leite dos Sonhos", em tradução livre), a 59.ª Bienal de Arte de Veneza abriu ao público em 23 de abril e encerra este domingo, "registando um recorde de visitas".

"Com um total de mais de 800 mil bilhetes vendidos — mais as 22.498 pessoas que marcaram presença na antevisão — o número de visitantes registou um aumento de 35% nos 197 dias de exposição, em comparação com os 173 dias da edição de 2019 [ano pré-pandemia]", refere a organização em comunicado.

A organização destaca tratar-se "do maior número de visitantes nos 127 anos de história da Bienal de Arte".

Nesta edição, a maioria dos visitantes, 59%, são estrangeiros, e os restantes, 41%, italianos. Cerca de um terço do total de visitantes, 239.276, são jovens.

A 59.ª Exposição Internacional de Arte da Bienal de Veneza contou com 80 representações nacionais, além da exposição geral da bienal, sob o título "The Milk of Dreams" e com curadoria de Cecilia Alemani, que inclui um total de 1.400 obras de 213 artistas convidados — 180 dos quais a participar pela primeira vez —, provenientes de 58 países, e 80 projetos inéditos.

A representação de Portugal foi criada pelo artista Pedro Neves Marques e consiste no projeto "Vampires in Space", com curadoria de João Mourão e Luís Silva, em exposição no Palácio Franchetti, edifício nas margens do Grande Canal de Veneza que acolhe o Pavilhão de Portugal.

Assumindo a forma de exposição narrativa, o projeto expositivo, que através de um filme, de poesia e de uma cenografia imersiva, transforma o segundo piso do palácio numa nave espacial habitada por vampiros, que, "na sua longa viagem pelo espaço, vão confrontar os visitantes com questões-chave do nosso tempo", nomeadamente os processos identitários, a sexualidade e reprodução 'queer', a ecologia, o 'transumanismo' e a biopolítica, segundo a sinopse.

Este trabalho foi criado por Pedro Neves Marques em resposta ao tema da edição deste ano da Bienal, lançado pela curadora-geral Cecilia Alemani, que aborda o mundo repensado através da imaginação, a mudança, a transformação, as simbioses entre todos os seres vivos e a natureza, bem como as suas metamorfoses.

Além de Pedro Neves Marques, outros artistas portugueses têm o seu trabalho apresentado no contexto do certame, como a pintora Paula Rego, o artista plástico Pedro Cabrita Reis, e as artistas Diana Policarpo e Mónica de Miranda.

Nesta edição, o pavilhão do Reino Unido foi distinguido com o Leão de Ouro para a melhor participação nacional, recebido pela artista britânica Sonia Boyce. Foram atribuídas ainda menções especiais aos pavilhões nacionais de França e do Uganda.

A melhor participação na exposição principal foi ganha pela escultora norte-americana Simone Leigh, enquanto o artista Ali Cherri (Líbano) levou o Leão de Prata para jovem participante. Houve ainda menções especiais para as artistas Shuvinai Ashoona (Canadá) e Lynn Hershman Leeson (Estados Unidos da América).

A Bienal de Arte de Veneza homenageou as artistas Katharina Fritsch (Alemanha) e Cecília Vicuña (Chile) com o Leão de Ouro pelas suas carreiras.

Esta bienal de arte acontece após o ultrapassar de dificuldades de organização num quadro de pandemia, e em contexto de tensão devido à invasão da Ucrânia pela Rússia.

A Ucrânia tem o seu pavilhão nacional e uma praça com uma instalação para acolher manifestações de apoio e de solidariedade dos artistas e do público, enquanto os artistas e curadores do Pavilhão da Rússia desistiram de participar como forma de protesto contra a guerra.

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