Em 1973, a atriz e ativista norte-americana Sacheen Littlefeather foi vaiada no palco em Los Angeles, após proferir um discurso de Marlon Brando, que nesse ano rejeitou o Óscar que lhe foi atribuído pela Academia . Passados 50 anos, a organização responsável pelos mais famosos prémios de cinema pediu desculpas pela situação.
Marlon Brando (1924-2004) fora galardoado pela sua atuação no filme "O Padrinho", mas o ator decidiu recusar a distinção como forma de protesto contra a deturpação da imagem dos povos nativos americanos pela indústria cinematográfica dos Estados Unidos.
Enviou Sacheen Littlefeather para o representar no momento de receber a estatueta. Na altura com 26 anos, a atriz foi hostilizada e ignorada pela indústria do entretenimento após o discurso.
Aquela foi a primeira declaração política na cerimónia televisionada — e deu início a uma tendência que permanece até à atualidade.
Apresentando-se em nome de Marlon Brando, afirmou ao público de forma breve "que ele lamentavelmente não podia aceitar este prémio tão generoso".
"E as razões são o tratamento que os indígenas americanos recebem da indústria cinematográfica e da televisão", discursou então.
Esta quarta-feira, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas afirmou publicamente que Littlefeather sofreu abusos "injustificados" após fazer um breve discurso.
Em resposta, a atriz disse à "Hollywood Reporter" que nunca pensou que "viveria para ver o dia em que ouviria isso [o pedido de desculpas]".
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