O presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, anunciou esta quarta-feira à tarde, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, a decisão sobre a transladação do coração de D. Pedro IV para o Brasil, após conclusão do exame conduzido pelo Instituto de Medicina Legal do Porto. Ficou decidido que o órgão poderá viajar para as celebrações. Rui Moreira vai viajar junto com o coração.
À conferência de imprensa, que se realizou junto ao retrato do monarca português que proclamou a independência do Brasil, compareceram ainda a provedora da Irmandade da Lapa, Maria Manuela Oliveira e Rebelo, e o presidente da Assembleia Municipal do Porto, Sebastião Feyo de Azevedo.
"Após o pedido oficial do governo brasileiro para a cedência do coração de D. Pedro IV, no âmbito das cerimónias do bicentenário da independência do Brasil, a Câmara Municipal do Porto solicitou ao Instituto de Medicina Legal do Porto uma avaliação científica ao coração, com o intuito de aferir o seu estado e se pode efetivamente ser translado para o Brasil em setembro", explicou a Câmara do Porto num comunicado divulgado esta quarta-feira.
Acrescenta-se ainda que "o estudo ao coração de D. Pedro IV realizou-se ao longo do último mês e envolveu ainda um conjunto de investigadores da Universidade do Porto, nomeadamente da Faculdade de Medicina da U.Porto (FMUP) e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS)". O tema é polémico e dividiu os envolvidos, que receavam que o órgão fosse danificado.
O coração de D. Pedro IV em Portugal e I no Brasil, onde foi aclamado imperador depois de declarar a independência a 7 de setembro de 1822, está preservado em formol num recipiente de vidro depositado na Irmandade da Lapa, no Porto. As chaves do local onde foi guardado estão com o presidente da CMP. Em 1972, pela comemoração dos 150 anos da independência do Brasil, foram transladados os ossos de D. Pedro para o Brasil e o almirante Américo Thomaz, então chefe de Estado de Portugal, presidiu à chegada das ossadas e ao desfile até ao Monumento do Ipiranga, em São Paulo.
O “rei soldado” regressou do Brasil em 1831 para lutar contra as tropas absolutistas do irmão D. Miguel. Quatro dias após a coroação de D. Maria II rainha de Portugal, D. Pedro morreu no Palácio de Queluz, tendo antes mostrado a intenção de ser enterrado no Porto, onde viveu durante o cerco entre julho de 1832 e agosto de 1833. O seu coração foi doado à cidade e como frequentou a capela da Irmandade da Lapa, aquele foi local onde ficaram os seus restos mortais.
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