“Os Crimes de Valhalla”: um 'serial killer' à solta num dos lugares mais pacíficos do mundo

É uma série islandesa com aquela marca distintiva que tornou notória alguma produção policial escandinava
É uma série islandesa com aquela marca distintiva que tornou notória alguma produção policial escandinava
Crítico de Cinema
É uma série islandesa com aquela marca distintiva que tornou notória alguma produção policial escandinava. Lembremos, desde logo, a adaptação da trilogia “Millennium”, do escritor Stieg Larsson, ou a série “Bron: A Ponte”, brilhante nas suas quatro temporadas. Este policial de oito episódios vem na mesma senda.
Mistério denso, ritmo compassado, tensão constante, personagens protagonistas multidimensionais — e, também eles, detentores de segredos, de nāo-ditos, de intrigas secundárias que os argumentistas entrelaçam com habilidade na trama principal. E qual é ela? Uma sucessão de assassínios razoavelmente brutais — até porque ocorrem a golpes de faca e com mutilação ocular — a indiciar um serial killer em ação naquele que é considerado um dos mais pacíficos lugares do mundo, a Islândia.
Para os investigar é convocada a colaboração de Arnar/Björn Thors, um inspetor islandês a prestar serviço em Oslo que regressa à sua terra natal envolto em silêncio. Junta-se a uma investigadora local, Kata/Nína Dögg Filippusdóttir, que está a ser vítima de severa injustiça na sua carreira na polícia e cuja relação com um filho adolescente não é a mais franca.
No centro de tudo, a ligar as vítimas, uma fotografia tirada há muitos anos em Valhalla, um lar para rapazes, hoje ao abandono. A solução do caso vai, como se torna evidente, rodar à volta da nebulosa e horrível realidade escondida no passado e dos que tudo fizeram para que dele não ficasse traço ou testemunho.
E, por falar em névoa, há que sublinhar o vigoroso contributo da invernosa paisagem islandesa para o severo clima psicológico que impregna toda a série. Embora o centro policial da trama se situe em Reiquiavique, parte da investigação decorre em paisagens geladas com montanhas como horizonte — que a câmara do diretor de fotografia Árni Filippusson agarra num quase preto e branco, como se o país tivesse a alma devastada.
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