22 maio 2018 20:11
mariscal/epa
Júlio Pomar tinha 92 anos. Morreu esta terça-feira. “Foi um inovador e criativo irreverente, profundamente rebelde”, sublinha o Presidente da República
22 maio 2018 20:11
O Presidente da República lembrou esta terça-feira Júlio Pomar como um "criativo irreverente" e considerou que a sua morte deixa a cultura portuguesa "muitíssimo mais pobre", manifestando a certeza de que o Governo proporá "o luto nacional correspondente".
O artista plástico Júlio Pomar morreu hoje aos 92 anos no Hospital da Luz, em Lisboa.
Questionado pelos jornalistas, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa reagiu a esta notícia declarando que "a cultura portuguesa fica muitíssimo mais pobre".
O chefe de Estado descreveu Júlio Pomar como "um inovador e criativo irreverente, profundamente rebelde", que "esteve sempre à frente do seu tempo" e "marcou boa parte do século XX, marcou a transição para o século XXI" em Portugal, "mantendo-se sempre jovem".
"Nós devemos a Júlio Pomar a abertura de Portugal ao mundo e a entrada do mundo em Portugal, desde logo, durante a ditadura, não apenas como pintor, não apenas como desenhador, mas como grande personalidade da cultura", afirmou.
Interrogado sobre qual a melhor homenagem que o país lhe pode prestar, o Presidente da República respondeu: "Eu tenho a certeza de que o Governo português não deixará de propor o luto nacional correspondente".
"Mas, para além disso, certamente que o Governo português irá meditar numa forma de o homenagear tal como ele gostaria, de uma forma não clássica, não conservadora, não tradicional. Mas progressista e virada para o futuro", acrescentou.
Para ilustrar a irreverência de Júlio Pomar, Marcelo Rebelo de Sousa recordou "o seu retrato do Presidente Mário Soares que figura na galeria dos retratos no Museu da Presidência da República, e que na altura chocou tantos bem pensantes", observando: "Porque ele era assim".
O Presidente da República referiu que o seu trabalho artístico "percorreu todas as fases, mais figurativo, menos figurativo, mais abstrato, menos abstrato" e definiu-o como "um desconstrutor" que olhava "para a outra realidade das coisas" e a retratava.
Pintor e escultor, nascido em Lisboa em 1926, Júlio Pomar é considerado um dos criadores de referência da arte moderna e contemporânea portuguesa.
O artista deixa uma obra multifacetada que percorre mais de sete décadas, influenciada pela literatura, a resistência política, o erotismo e viagens a lugares como a Amazónia, no Brasil.