A Ordem dos Psicólogos disponibilizou no seu site material informativo, incluindo vídeos, sobre o novo vírus para responder a algumas das principais preocupações neste momento, nomeadamente no que diz respeito às medidas de distanciamento social e isolamento e como explicá-las às crianças, com base nas recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Apresentamos aqui algumas dessas recomendações.
Como lidar com o stress no contexto da pandemia da covid-19?
Durante “uma crise é normal que se possa sentir triste, ansioso, confuso, assustado ou zangado”, lê-se desde logo num dos documentos explicativos da Ordem dos Psicólogos, segundo a qual “falar com pessoas em quem confia”, como amigos e familiares, “pode ajudar”. Se for necessário permanecer em casa, há que manter “um estilo de vida saudável”, que inclui “uma dieta adequada, períodos de sono e descanso, exercício físico e contactos sociais, dentro de casa, com as pessoas mais próximas, assim como contactos por e-mail e telefone com outros amigos e familiares”. A Ordem dos Psicólogos recomenda ainda que não se fume nem se consuma álcool ou drogas “na tentativa de lidar com as emoções” e que, “se se sentir muito angustiado e perturbado”, deve “ligar para a linha SNS24 e seguir as recomendações”. Recomenda também que se consulte “fontes de informação fiável em que possa confiar” e se opte por informação divulgada por instituições oficiais, como o Serviço Nacional de Saúde e a Direção-Geral da Saúde. Diminuir o tempo durante o qual se está a ver ou a ouvir notícias “que se considere perturbadoras” também pode ajudar.
Como lidar com uma situação de isolamento?
Manter-se “informado” e compreender o “risco” é uma das primeiras recomendações da Ordem dos Psicólogos para lidar com situações de isolamento. “A cobertura mediática pode criar a impressão de que existe um perigo e um risco maior do que aquele que realmente existe”, lê-se num dos documentos informativos. Recomenda-se também “pedir ajuda” e falar sobre o que se precisa, como “medicamentos, compras e produtos de higiene pessoal”, para se sentir seguro e confortável e “manter rotinas e atividades habituais, dentro do possível”. É importante ter em mente, diz a Ordem, “que o isolamento contribui para que o vírus não se propague e que o período de isolamento não irá durar para sempre, mas durantes alguns dias”. Em caso de “stresse, nervosismo ou ansiedade extremas, dificuldades em dormir, comer de mais ou de menos, incapacidade em realizar as atividades do dia-a-dia ou desejo de consumir álcool e drogas para lidar com a situação”, recomenda-se falar com um profissional de saúde ou ligar para a linha SNS24.
A Ordem dos Psicólogos também tem várias recomendações para quem está em isolamento com crianças e para quem é idoso — como “tomar rigorosamente a medicação” e “não ter receio de tomar a iniciativa” de “falar com pessoas de quem gosta e em quem confia”, porque isso ajuda a “reduzir a ansiedade, a solidão ou o aborrecimento” — ou tem a seu cuidado um familiar idoso, como “ligar-lhe regularmente” e encorajá-lo a fazer o mesmo, “mobilizar pessoas próximas do cidadão sénior para lhe oferecer companhia, conforto e apoio” e tornar “disponíveis e acessíveis meios de comunicação e tecnologias que possam facilitar a manutenção do contacto social entre o cidadão sénior e os seus amigos e familiares (por exemplo, videochamadas)”. “Reforçar as manifestações verbais de afeto” e “monitorizar o estado de saúde e de bem-estar do cidadão sénior com mais frequência – uma a duas vezes por dia”, são outras das recomendações.
Como ajudar as crianças a lidar com o stresse no contexto desta pandemia?
Em resposta a esta pergunta, a Ordem dos Psicólogos esclarece desde logo que “as crianças podem responder ao stresse de maneiras diferentes”, pedindo, por exemplo, “mais colo” e mostrando-se “mais dependentes, ansiosas, agitadas ou zangadas”. Também podem “isolar-se e fazer xixi na cama”. O importante é “responder às reações da criança” de forma “compreensiva e “mostrando apoio, escutando as suas preocupações e dando-lhe uma dose extra de atenção e carinho”. Se possível, “crie oportunidades para a criança brincar e relaxar”.
São ainda dadas outras recomendações, que transcrevemos, ainda que de forma resumida, aqui:
- procure manter as crianças próximas dos seus pais/familiares e evite, na medida do possível, separá-las dos seus cuidadores. Se a separação ocorrer (por exemplo, hospitalização) garanta que existe um contacto regular (por exemplo, via telefone) e mantenha a criança tranquila e segura;
- mantenha as rotinas e os horários habituais ou ajude a criar novas rotinas no novo ambiente, incluindo momentos de aprendizagem/escola e tempo para brincar e relaxar em segurança;
- apresente factos sobre o que se passou e o que se passa, dando às crianças informação clara sobre como reduzir o seu risco de infeção pela covid-19 com palavras adaptadas à sua idade, garantindo que as compreendem;
- ofereça informação sobre o que pode acontecer (por exemplo, se um familiar e/ou a própria criança se começarem a sentir mal, terão de ir para o hospital durante algum tempo e receber ajuda dos médicos, que os vão ajudar a sentir-se melhor).
Como explicar a uma criança a importância das medidas de distanciamento social e isolamento?
O primeiro passo, segundo a Ordem dos Psicólogos, é explicar às crianças o que é o vírus e como se transmite. Depois, é importante “fazer a criança sentir que pode ajudar” a combatê-lo e explicar-lhe como “se pode proteger a si e aos outros” e também “validar os sentimentos de ansiedade, medo, frustração e aborrecimento, e encorajar uma atitude positiva”. Finalmente, é importante “transmitir esperança e segurança”, dizendo, por exemplo, “que não vamos ficar em casa para sempre”, apenas “alguns dias”, e que “de vez em quando, nos casos em que o isolamento é apenas preventivo, podemos dar um passeio na rua, em sítios com poucas pessoas e ao ar livre, jogar à bola ou fazer uma corrida”.
A Ordem dos Psicólogos sugere ainda outras estratégias, como explicar à criança a importância de manter as rotinas e “fazer um diário de bordo”.