8 março 2011 18:13
A "pick-up" 4x4 Strakar da Mitsubishi ganhou em cavalos, mantendo intactas todas as suas qualidades, nomeadamente fora de estrada
8 março 2011 18:13
Os meus amigos do TT tinham-me avisado: "Strakar? Põe-te a pau com o consumo. Gasta 18..." E assim parti direito a Porto Covo numa sexta-feira à noite, pronto para o melhor e para o pior.
À medida que rodávamos para sul, fui percebendo que, relativamente à versão que já conhecia, a de 136 cavalos, a Mitsubishi Strakar tinha ganho, não tanto em velocidade de ponta mas em recuperação. Ou seja, mais potência neste caso significava, sobretudo, mais binário, logo perspetivas de uma condução mais suave ser recompensada com consumos moderados.
Bingo! O consumo médio que em auto-estrada chegou a aproximar-se dos 12 litros aos cem, começou a baixar e, ao longo do teste, andou algumas vezes pelos 7,5, para estabilizar à volta dos dez.
O ganho de potência, sobretudo em rotundas com o chão molhado, obriga a dosear a aceleração, se não quisermos andar o tempo todo a imitar os Hannu Mikkola, Marku Allen e outros ases da condução desportiva. Claro que esta "pick-up" tem uma coisa que a concorrência não tem: na versão mais cara possui diferencial central, podendo rodar às quatro no asfalto, coisa que em tempo de chuva e com as estradas que temos não é despicienda.
Mas como um 4x4 é para andar na terra, vamos direitos ao que interessa. As pistas de areia entre Vila Nova de Milfontes e Porto Covo foram o cenário do grosso deste teste. Uma vez desligado o controlo de tração, que por ter sido pensado para o asfalto, em russo se chama "sostrova", arrancámos para a pista.
O comportamento foi tão bom que até andou numa pista muito trilhada só de tração traseira porque me tinha esquecido de a engatar à saída do asfalto. É claro que começou a perder andamento e ia ficando no areal mas a culpa não era do carro...
Domingo, no regresso, debaixo de um temporal de meter medo, resolvi arriscar e, para não ir dar a volta ao Cercal por causa das obras no ramal de Porto Covo, fiz algumas pistas paralelas. Nem barro, nem lama, nem água fizeram a mínima mossa a esta camioneta de tração às quatro. E o terreno não estava para brincadeiras...
De que não gostei? Da cabina que, tal como na versão de 136 cavalos, me pareceu algo acanhada em largura. E da posição de condução que se parece demasiado com a de uma "pick-up" de trabalho, ou seja, sensação de banco baixo e volante ao colo. Quem tenha as pernas mais compridas tem dificuldade em descobrir a posição ideal: os joelhos ficam sempre a roçar no tablier. Se o volante regulasse em profundidade (só o faz em altura), já o conforto seria outro.
Se o objetivo é fazer TT, a Strakar é uma boa escolha: eficiente, fiável e simples de guiar. Em versão Intense de cabina dupla e 178 cavalos o preço é de € 35.610.