Auto crítica

Honda CR-V em busca do passado

Paulo Luís de Castro (www.expresso.pt)*

29 outubro 2012 9:29

Mais curto e mais baixo mas sem comprometer a habitabilidade interior, o CR-V apresenta uma volumetria idêntica e linhas modernas e agradáveis à vista europeia

honda

Com a chegada da quarta geração, o Honda CR-V parece ter tudo para regressar aos seus bons velhos tempos. Pena que a conjuntura atual não ajude muito.

29 outubro 2012 9:29

O Honda CR-V construiu uma carreira bonita em todo o mundo. Mais de cinco milhões de unidades vendidas e um total de 142 prémios diversos conquistados dão conta do sucesso obtido pelas três primeiras gerações do modelo nipónico, cuja comercialização se prolonga há já dezassete anos.

Concebido essencialmente para uma utilização em estrada, depressa o CR-V se tornou um dos SUV compactos mais vendidos e com uma verdadeira legião de fãs, nomeadamente depois de chegar à Europa. Porém, a resposta da concorrência, por um lado, e a mudança temporal do conceito SUV, pelo outro, fizeram da segunda e sobretudo da terceira geração do CR-V um modelo menos apreciado e desejado, realidade à qual o mercado português também não fugiu: mais de 4200 unidades comercializadas, das quais mais de dois terços correspondentes a vendas do modelo original.

Com a entrada em cena da quarta geração, recentemente lançada e desde novembro disponível nos stands da marca, a Honda não esconde que pretende recuperar o tempo e espaço perdidos. E além de acentuar que o mais novo dos CR-V foi "redesenhado de forma compreensiva para o mercado europeu", antevendo uma maior procura dos consumidores do Velho Continente tratou de reforçar a capacidade de produção da fábrica de Swindon para melhor enfrentar as solicitações. Assim, a marca nipónica acredita profundamente nos trunfos ao nível da eficiência, versatilidade e capacidade revelados por este modelo para recolocar o CR-V no caminho dos bons velhos tempos.

A porta da bagageira é elétrica e a capacidade da mala aumentou

A porta da bagageira é elétrica e a capacidade da mala aumentou

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Mais curto e mais baixo mas sem comprometer a habitabilidade interior, o CR-V apresenta uma volumetria idêntica e linhas modernas e agradáveis à vista europeia, onde não faltam luzes diurnas de presença dianteira e traseira de LED que acentuam a elegância do veículo. A capacidade da bagageira não diminuiu, antes pelo contrário, apresenta 65 litros adicionais (o que permite, por exemplo, o transporte de duas bicicletas de montanha ou quatro sacos de golfe). A porta da mala é elétrica, assim como o sistema de rebatimento dos bancos traseiros: tudo simples, rápido e eficaz, com os bancos a rebaterem na totalidade e a disponibilizarem uma plataforma integralmente plana.

Do ambiente a bordo nada a apontar. Bons materiais, regra geral, embora alguns plásticos sejam mais atrativos à vista do que ao toque. O espaço parece abundar, com uma generosa consola central, e transmite uma sensação de conforto a todos os ocupantes. A insonorização não merece reparos.

As alterações aerodinâmicas introduzidas permitem também a obtenção de uma excelente posição de condução, muito semelhante à de um monovolume compacto. O Honda CR-V é um SUV, convém não esquecer, mas não parece para quem se senta ao volante. Através do reposicionamento do para-brisas e do novo desenho do capô, a área da frente do carro que não se vê foi reduzida, melhorando a visibilidade e as manobras para quem conduz.

O Honda CR-V é um SUV, convém não esquecer, mas não parece para quem se senta ao volante

O Honda CR-V é um SUV, convém não esquecer, mas não parece para quem se senta ao volante

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A nível mecânico o CR-V mantém a tração integral num bloco 2.2i-DTEC de 150 cv (disponível entre os 42.900 euros da versão Elegance aos 48.900 euros da versão Executive) e disponibiliza agora uma motorização 2.0i-VTEC com apenas duas rodas motrizes (dianteiras), a gasolina, capaz de debitar 155 cv, que equipa os dois modelos mais atrativos a nível de preço: 34.500 euros para a versão de base - Active. Qualquer destas versões tem associada uma caixa manual de seis velocidades, de resposta pronta, mas existe a possibilidade de opção por uma transmissão automática de cinco velocidades.

Num primeiro contacto com o novíssimo CR-V em estradas germânicas, gostámos mais de conduzir o bloco movido a diesel, que nos pareceu bem mais 'redondo' na capacidade de resposta às solicitações.

A nível de equipamento, no CR-V não falta o sistema start/stop que liga e desliga o motor no para-arranca citadino; o sistema de assistência à condução ecológica, que ajuda a o condutor a otimizar a eficiência de condução, nomeadamente através da informação do impacto que essa condução está a ter nos consumos; ou o indicador da relação de caixa mais correta. E nas opções extra também não falta por onde escolher.

Ou seja: o CR-V parece ter tudo para regressar aos seus bons velhos tempos. Pena que a conjuntura atual não ajude muito, numa altura em que a realidade do mercado nacional é o que é - 2012 prepara-se para fechar sem atingir as 100 mil unidades novas vendidas. Embora em 2013 este SUV da Honda possa contar com uma ajuda importante, através da prometida motorização 1.6 i-DTEC, necessariamente mais adaptada aos tempos que correm e à exiguidade das bolsas portuguesas.

* O Expresso viajou a convite da Honda Portugal