22 março 2010 12:55
"Mais vale pensar de forma errada do que não pensar", dizia Hipátia de Alexandria. Amada e odiada como a maior parte das grandes sumidades intelectuais, era mulher. Foi morta aos 45 anos.
22 março 2010 12:55

Filha de Theon, filósofo, astrónomo e autor de várias obras, foi igualmente reconhecido pela sua sabedoria. Hipátia tinha uma forte ligação com o seu pai que além de conhecimentos, lhe transmitiu uma forte paixão pela busca de respostas sobre o desconhecido. Sob a tutela e orientação paternas, a filósofa sempre se submeteu a uma rigorosa disciplina física, para atingir o ideal mens sana in corpore sano.
Defendia o livre pensamento, e enquanto mestre passava aos seus discípulos ensinamentos Neoplatónicos, e por defender que o Universo era regido pelas leis da matemática, e que a Terra tinha uma órbita elíptica em torno do Sol, foi apelidada de bruxa e herege, por não corresponder aos ideais de um Cristianismo fundamentalista, que exigia uma mulher recatada, apagada e calada.
Casada... com a verdade
Hipátia, solteira, defendia ser "casada com a verdade" e viu a sua morte anunciada ao ser atacada em plena rua por um grupo de cristãos enfurecidos, seguidores de Cirilo, considerado o pai da igreja no século V D.C e bispo de Alexandria, que à viva força queria acabar com o paganismo e politeísmo, não olhando a meios, para atingir os fins.
Golpeada, despida e arrastada pelas ruas da cidade de Alexandre o Grande, na época em que o Mundo assistia à queda do Império romano, uma das maiores mulheres de todos os tempos foi torturada até a morte, tendo o corpo sido dilacerado por conchas e/ou cacos de cerâmica, e depois de morta lançada à fogueira.
Segundo Sócrates, o escolástico, Hipátia cedo complementou os estudos em Atenas, Grécia. Foi apelidada de "A Filósofa", pois pela sua sabedoria e estudos, ultrapassou todos os filósofos do seu tempo. Discípula da escola de Platão e Plotino explicava a quem a quisesse ouvir (e de longe vinham receber os seus ensinamentos) os princípios da filosofia.
Amada e odiada como a maior parte das grandes sumidades intelectuais, era Mulher. Talvez uma das primeiras a não querer ver ameaçada, nem manietada a sua liberdade de pensamento e acção.
Ágora - Uma super-produção de Alejandro Aménabar
Finalmente tive a sorte de ver esta espectacular produção, Ágora, que põe "no chinelo" muitas outras apelidadas "holyoowdescas". Era bom que o cinema português nos pudesse surpreender assim, de vez em quando.
Alejandro Aménabar não me surpreendeu, já me habituei à qualidade das suas anteriores produções, como "Mar Adentro", "Os Outros" e "Abre los ojos". Não ficou nada atrás com este épico, romanceando q.b uma história real, com muito pouco romantismo, mas muito amor pela sabedoria.