5 agosto 2013 8:00

5 agosto 2013 8:00
Ai Agosto...
Agosto é o melhor mês do ano para se andar na cidade, o melhor mês para trabalhar, o melhor mês para fazer quase tudo o que nos apetece. Desde que não seja no Algarve. Numa passagem muito rápida por uma cidade do Algarve, que nem sequer é das mais "badaladas", ao ver aquele monte de gente, fiquei a pensar como é possível que as pessoas que passam o ano inteiro com pessoas, cheguem às suas férias, e passem os seus dias de descanso, ainda com mais pessoas? Será que durante o ano estas pessoas todas quase não contactam com outras pessoas, e por isso as férias são a desbunda completa da socialização? Ou a maior parte das pessoas são tão viciadas em pessoas que passar férias sem tanto contacto humano não são férias? Será que sou eu que estou a ficar ermita? Não sei como é que aguentam... E isto ainda eram só umas cinco e meia da tarde, ou seja ainda havia de chegar a enchente de gente para o tradicional geladinho de final de praia.... É no mínimo doentia esta compulsão louca por pessoas.
Uma semana depois, à mesma hora, em plena Av. da Republica, um inglês decide tentar espancar um português que supostamente se terá deixado seduzir pela namorada do inglês. Conhecendo os portugueses assim mais ou menos, tenho cá para mim que o "tuga" terá dado um qualquer sinal, mais ou menos evidente ou pelo menos dúbio, à sonsa da inglesa, mas enfim, não estava lá, não vi, não vou dizer nada. O inglês, ou bêbado, ou enraivecido (que no caso de um inglês é praticamente a mesma coisa), tentava em vão esmurrar o português, que mais baixo e mais ágil se conseguia sempre escapar dos socos desnorteados do aspirante a hooligan. Eu percebo a inglesa. Os portugueses estão cada vez mais saudáveis, dá mesmo vontade de apreciar, assim mesmo sem querer.... Ora, o "beef" descolorado, coitado, tinha naturalmente concorrência feroz, mesmo sem fazer por isso. Ele até tinha um ar arrumadinho e compostinho, mas então... falta-lhe ali qualquer coisa... que obviamente, para além da cor, seria o soro e o oxigénio, e depressa! Ele gritava com ela, que ela era uma vadia, uma traidora, que ele nunca a tinha traído, que lhe tinha sido sempre fiel e que assim que ele virara costas ela tinha ido dar conversa a outros. O português tentava-lhe explicar qualquer coisa, num vai e vem de investidas e desvios que duraram cerca de 8 minutos. A inglesa estava calada, a um canto, a desejar que ninguém mais na rua desse por ela. O inglês ia tentando desferir golpes sem nexo no português - a esta altura já estávamos à porta do Galeto - e o português, de paciência já acabada, atira-se ao inglês e deita-o ao chão. Ele aguentou-se. Ele tentou por tudo não entrar na luta, mas chegou a uma altura que não deu. Passado pouco tempo tínhamos o pasteleiro, o cozinheiro, os empregados, o gerente, os restantes clientes, todos à porta a assistirem. Depois de o ter no chão, o português conversou com ele em bom inglês, if you know what i mean, enquanto a inglesa passava apressada e de nariz no ar, em frente à esplanada, enquanto ajeitava a mala que trazia ao ombro - típico da gaja histérica que depois de ver 2 galos engalfinhados por sua causa se acha o melhor pedaço da capoeira.
É por tudo isto - que é imperdível, como calculam - e mais o sossego do trânsito, a ausência de filas, os turistas simpáticos, os lugares de estacionamento livres ali mesmo à porta, as indicações sobre a cidade dadas em inglês e em espanhol (ou parecido), a luz da cidade quase vazia e os lugares nas salas de espectáculos para a primeira data que se quer, que Lisboa vale ainda mais a pena em Agosto.
Vão lá todos para o Algarve, vão! Amontoem-se todos por lá que nós por aqui agradecemos. Já viram bem o que perderam? Já viram? Pobrezinhos... Vão lá brincar para o sul, vão!
*Título roubado à canção com o mesmo titulo e que pode perfeitamente servir de banda sonora a este texto:

Editora: Plátano (coleção Livros de Seda)
Preço: 11,80€ em loja, 10,62€ se for adquirido via site da Editora Plátano
Páginas: 158
ISBN: 9789727708598
Saiba mais sobre o livro:
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