16 março 2010 16:37
São homens, depilam-se, gastam rios de dinheiro em cosmética e roupa. Confundidos com homossexuais, os metrossexuais vieram para ficar, resta saber se por vaidade desejada ou exacerbação.
16 março 2010 16:37

Há pessoas, sobretudo homens, que ainda confundem o termo metrossexual com o de homossexual. Outros chegam mesmo a afirmar, em tom jocoso, que o metrossexual está a um metro de ser homossexual. Que disparate tão grande!
Embora o termo metrossexual seja ainda relativamente recente (não chega a ter dez anos), começo por explicar que no original inglês, não é mais do que uma contração de heterossexual com metropolitano (no sentido de metrópole e não de transporte público, naturalmente).
Trata-se de um empreendedor bem-sucedido, entre os 25 e 45 anos, que vive nas grandes cidades e se preocupa com seu aspecto visual gastando dinheiro com a sua imagem. Tal como alguns homossexuais do mesmo estrato social, mas com uma diferença fundamental: o metrossexual é... heterossexual.
Cabeleireiros sim, barbeiros não
Este indivíduo tem um interesse cada vez maior no seu aspecto físico. Recorre a cabeleireiros em vez de ir aos barbeiros; gosta de usar o cabelo artisticamente despenteado; usa cremes para a pele não ficar áspera; pratica desporto regularmente e tem dificuldades para decidir que roupa vai vestir.
Mas atenção, a definição não se fica por aqui. Também se pode estender a uma área mais social e familiar. Adora tratar dos filhos, participar em festas , ir á ópera e ao teatro. Gosta de estar em casa e tratar da mulher. Adora confeccionar pratos especiais e sobretudo sentir-se bem consigo mesmo.
O mercado para o "homo vaidosus"
Desde que apareceu o termo "metrossexual" que surgiu, quase imediatamente, um novo mercado. O mercado do homem vaidoso. Vêem-se prateleiras específicas nos hipermercados voltadas exclusivamente para o universo masculino. Salões de estética só para homens, e muito mais. Isto é mesmo necessário ou realmente aguma coisa mudou? Claro que mudou, daí a indústria e o comércio terem percebido isso e investido neste nicho ou tendência, como queiram.
Esta nova atitude estende-se à indústria da moda, aos cosméticos, às cirurgias plásticas, aos tratamentos de beleza e, por que não dizer também ao próprio espelho.
Se por um lado os estilistas apostaram em vestir os homens com decote em V, com casacos e camisola curtas, algumas transparências e brilhos, cores que sempre foram de mulher como o cor-de-rosa choque e blusas de ombro caído, por outro, a cosmética não tem mãos a medir para a procura excessiva por parte dos homens, de determinados produtos tais como: cremes de anti-envelhecimento, produtos para a queda de cabelo, auto-bronzeadores e gel de banho com cheiro a homem.
Os salões de beleza também se apetrecharam de tudo o que é procurado por eles. Hoje eles acompanham as tendências dos cortes, tratam os cabelos, pintam os pêlos brancos do peito e o cabelo inclusive e muitos ainda arranjam as mãos e os pés. Tudo num mundo novo onde, hoje em dia, as grandes preocupações do universo masculino passam pelo cabelo, barriga e rugas.
Conversa de metros...
No verão passado estava eu numa praia e ao meu lado estavam dois rapazes na casa dos 20 anos. Tinham uma aparência muito bem cuidada. Eles conversavam com algum entusiasmo sobre a depilação que tinham feito e que lhes tinha provocado pelos encravados no peito, o que fazia imensa comichão. Fartei-me de rir com a conversa deles.
Ainda há poucos anos atrás as conversas dos rapazes eram sobre mulheres, carros e futebol. Hoje falam de cremes, roupas de marca, acessórios de moda (que sempre foi coisa de mulher), depilação e ginásio.
E as miúdas novas gostam?
É que os anos 90 trouxeram a cultura da imagem para patamares nunca antes conhecidos. O homem deve ser e parecer poderoso, sentir-se bem-sucedido. Por isso deve vestir-se bem.
Por exemplo, há quem afirme mesmo que um bom cartão de visita de um presidente de uma empresa, além da competência, é a sua aparência física. Um homem bem parecido tem muito mais sucesso para vingar no futuro.Independentemente de tudo isto, uma coisa é certa: Algo já mudou e continua a mudar.
Sobre isso, já Camões era claro:
"Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades."