24 dezembro 2010 16:20
Em tempo de contagem decrescente para o início do Ano Novo proponho-lhe o exercício do silêncio, uma forma de melhorar a relação com o "Eu" e com os "Outros".
24 dezembro 2010 16:20
Esta época é sempre de grande agitação. Muitas compras para fazer, muitos convívios para participar, muitos momentos para preparar. Raramente nos é possível parar para fazer um verdadeiro balanço do ano e traçar o caminho a percorrer no próximo.
Mas mesmo durante o ano, este cenário repete-se quer na vida pessoal quer profissional. Estamos sempre muito atarefados pelo que é quase impossível parar... achamos que não temos tempo, verdade?
Por outro lado, o silêncio pode ser perturbador. Quando estamos sozinhos em casa ou no trabalho, temos tendência a procurar imediatamente uma companhia, quando numa conversa ou numa apresentação ficamos sem ter que dizer, depressa procuramos preencher o silêncio, quando alguém que conhecemos está mais silencioso, pensamos que algo de errado está a acontecer, quando há silêncio numa família ou num grupo de trabalho pensamos que não há comunicação. Mas o silêncio pode significar o oposto de tudo isto e ser extremamente valioso na relação com nós próprios e com os outros. Vejamos como...
Silenciar para escutar o "Eu"
O silêncio é acima de tudo uma atitude de escuta. Daí que quando somos capazes de silenciar, conseguimos escutar a nossa voz interior e por isso mesmo descobrimos mais facilmente as respostas que procuramos.
Além disso, o silêncio convida-nos a conhecermo-nos melhor, a tomar consciência das nossas qualidades e defeitos, sendo depois mais fácil de os potenciar ou corrigir.
Quando fazemos silêncio, somos capazes de relaxar, meditar, respeitar e valorizar o "eu" e até apreciar tudo o que nos rodeia, de uma forma mais profunda.
Este silêncio poderoso, que todos podemos experimentar, poderá ser praticado em locais diversos e ter o tempo que quisermos... Cada pessoa saberá o que é melhor para si própria.
No meu caso, quando pretendo fazê-lo de uma forma profunda, faço um retiro para um local onde o silêncio é palavra de ordem. Sinto necessidade de sair da minha zona de conforto e de me desprender das minhas coisas. Já para não falar de deixar para trás os telemóveis, o computador e a internet, sem os quais parece que não conseguimos viver.
Outro dia, um empresário comentava que no meio de uma turbilhão de coisas para fazer decidiu tirar um dia inteiro para parar. Passou o dia numa praia a "escutar-se". No final, chegou à conclusão que esse tinha sido o dia mais produtivo dos últimos tempos. O caminho a seguir para alcançar a meta tornara-se mais claro, tomou várias decisões importantes e, tal como ele próprio disse, saiu dali com uma enorme motivação para fazer acontecer.
A este processo os filósofos Zen chamam "auto-observação", um momento de silêncio e de tranquilidade que nos permite ver o que estamos a fazer ou a pensar, tornando-se possível mudar ou melhor decidir sobre algo que é importante para nós.
Por tudo isto, o silêncio será tão valioso que poderá mudar a nossa atitude, mudar todo o nosso dia e mudar o próprio rumo da nossa vida, sobretudo quando temos que tomar grandes decisões.
Silenciar para escutar o "Outro"
Se formos capazes de nos escutar as nós próprios e reconhecer o valor do silêncio, certamente vamos conseguir praticá-lo quando estamos em relação com os outros.
Quando fazemos silêncio permitimos que o outro se possa expressar, percepcionamos informações e sinais importantes, conseguimos o respeito e a confiança do outro e, ainda, o verdadeiro entendimento pois ficamos mais disponíveis para escutar com o coração, o corpo e a mente.
Importa não confundir este silêncio com a omissão. Omitir é não trazer a tona informações, posicionamentos e "fazer de conta" que não faz parte de nada.
Como vemos, o silêncio é, além de poderoso, uma virtude que beneficiará as relações familiares, sociais e profissionais.
Para terminar
Procure silenciar e ajude os outros a fazer o mesmo, essa é uma das melhores formas de encontrar o caminho certo para alcançar os resultados desejados!
Este espaço também é seu! Se quiser sugerir temas, envie as suas propostas para ana.santiago.lopes@gmail.com.
Seja bem-vindo/a ao VIPP!
Quem é Ana Santiago? Conheça a autora do blogue VIPP