5 março 2011 11:29
5 março 2011 11:29
Os alimentos estão cada vez menos acessíveis aos consumidores. De acordo com dados revelados, esta semana, pela FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), o índice mensal de preços dos alimentos subiu 2,2% em Fevereiro, face ao mês anterior. É o oitavo mês consecutivo de aumento e o maior, em termos nominais, de toda a série histórica registada por aquela organização, nos últimos 21 anos.
O índice de preços dos cereais - incluindo trigo, arroz e milho - disparou em 3,7% no mês passado, o maior nível desde Julho de 2008; o índice de preços dos lacticínios aumentou 4%, mas situa-se ainda abaixo do 'pico' registado em Novembro de 2007; o índice de preços da carne também subiu 2%; e, apenas, o índice de preços do açúcar desceu ligeiramente, embora esteja 16% acima do valor registado em Fevereiro de 2010.
As previsões da FAO apontam para uma escassez global de cereais, face à procura crescente e ao declínio da produção em 2010. A última estimativa para a produção mundial de cereais aponta para um aumento de oito milhões de toneladas, face aos números de Dezembro, mas ainda abaixo dos volumes de 2009. Em consequência, os preços terão tendência a aumentar, à medida que diminuem as reservas de farinha e cresce a exportação. A FAO recorda que os preços dos principais cereais subiram 70% desde Fevereiro de 2010.
A agravar este cenário, David Hallam, director da divisão de mercado e comércio da FAO, alerta para "a inesperada subida do preço do petróleo, que pode agravar a situação já por si precária dos mercados de alimentos".
Mas, nem todas são más notícias. A FAO espera que as colheitas de Inverno no Hemisfério Norte sejam globalmente favoráveis e antecipa um acréscimo na produção de cereais em cerca de 3% em 2011. A última revisão de produção para 2010, também reflecte maiores volumes na Argentina, China e Etiópia.
No Brasil, as projecções para o mercado de cereais da Bolsa de São Paulo são optimistas. O Governo brasileiro tem promovido leilões semanais de milho e os stocks deste grão já contribuem para fazer baixar os preços. O preço do feijão, responsável pela subida no sector registada em 2010, está em queda; e o mercado arroz está equilibrado, prevendo-se um superavit de dois milhões de toneladas na sua produção. No entanto, os preços não deverão descer para o consumidor e o Governo deverá fixar um valor mínimo, como forma de não prejudicar os produtores.