Executivos sem gravata

Simplicidade e "botas calçadas"

31 janeiro 2011 12:18

Rosália Amorim

Os irmãos Martins, empreendedores que fundaram a Martifer, fizeram da empresa a líder ibérica em construções metálicas e cotaram-na em Bolsa. Agora degladiam-se com a crise, mas provam que duas cabeças pensam sempre melhor do que uma só e que é sempre preciso  estar "no terreno com as botas calçadas".

31 janeiro 2011 12:18

Rosália Amorim

"Sempre estivemos no terreno com as botas calçadas" dizem os irmãos Carlos e Jorge Martins, numa entrevista que publiquei no passado sábado na Revista Única do Expresso (se não leu no fim-de-semana, aproveite o serão de hoje para o fazer).

Estes senhores têm ADN de empreendedores. Oriundos da classe baixa - o pai era encarregado de obras e a mãe tinha um pequeno aviário -  estiveram quase a 'perder-se' no mundo do trabalho. Ainda começaram a trabalhar nas obras, como trolhas, mas depressa a mãe os obrigou a seguir os estudos. 

Licenciados, tinham o sonho de montar a sua própria empresa. Uniram esforços e juntos - sem disputar lideranças, rótulos ou cartões de visita a dizer 'patrão' - pediram dinheiro aos amigos, hipotecaram uma casa, candidataram-se a um fundo de apoio a jovens empresários e em 1991 abriram as portas da Martifer, aquele que viria a ser um grupo líder de construções metálicas na ibérica e, mais tarde, um grupo cotado na bolsa de valores.

Não deixaram que os escassos recursos lhes cortassem as pernas. E mesmo perante esta crise, que todos sentimos na pele, reestruturaram a empresa, reorientaram os negócios da energia eólica para a solar, e voltaram a focar-se no core business das construções. Hoje dizem-se prontos para continuar a trabalhar "no terreno com as botas calçadas".

Alguns leitores dirão que o grupo tem um sócio de peso, que é a Mota-Engil que os apoia e abre portas, que o grupo tem uma grande dívida (aponte-se o dedo às empresas e até aos países que não a têm), e que as energias renováveis ainda não dão tanto dinheiro quanto se prometia ou vislumbava... poderá ser tudo verdade. Mas o que fica desta história, desta entrevista, é a capacidade de arriscar, de experimentar e de ser resiliente.