9 maio 2014 0:26
9 maio 2014 0:26
Saída limpa de uma porta torta de uma casa desarrumada de cantos sujos cujos habitantes suspiram à janela por dias de sol, outros usam enxadas nos seus jardins e outros procuram enxadas em casas vizinhas. Para uns o bicho papão foi embora, para outros a ama deveria cá permanecer. Como seria bom crescer, crescer, crescer! Como seria bom desempoeirar a casa de cima a baixo, de baixo a cima, sacudir cada tapete, aspirar as profundezas de todos os móveis. Antes ou depois, ou talvez durante esta higiénica limpeza com perfume de justiça daquela antialérgica por se tratar de verdadeira justiça, fazer crescer terrenos em vez de se cortarem nas enxadas. Ah, como seria bom crescer! Crescer, crescer, crescer. O resto, todo aquele resto que preenche tudo, viria por acréscimo, como a riqueza ética, a ética rica, uma saúde digna, liberdade de escolha, cultura e ensino que oferecem opções de pensamento para todos. A casa não seria perfeita, porque não há uma perfeição que seja perfeita para todos, mas seria quase perfeita. Limpa, arrumada, arejada e fértil. Oh, como seria quase perfeita!