Bola Verde

O tetracampeão argentino

11 maio 2009 20:44

11 maio 2009 20:44

O FC Porto conquistou o tetracampeonato. É a melhor da Liga portuguesa e a única que se aguenta honrosamente nos confrontos internacionais. Mas nem tudo é imaculado.

Em primeiro lugar, o FC Porto não devia ser campeão de Portugal, mas da Argentina. Os dois jogadores mais influentes do FCP são Lucho Gonzalez e Lisandro Lopez. A este juntam-se Tomás Costa e Mariano Gonzalez, todos parte da esquadra argentina. E a falar espanhol ainda há Fucile, Farias, Andrés Madrid e Rodrigues.

Todos eles jogaram no domingo (com excepção de Lucho), entrando de início ou no decorrer da partida. Se se juntar a estes Helton, Sapuranu, Cissokho e Fernando, isso quer dizer que dos 14 jogadores azuis e brancos que ganharam 1-0 ao Nacional, havia apenas três portugueses: Rolando, Bruno Alves e Raúl Meireles. É pouco, muito pouco para uma equipa que joga na Liga portuguesa. E será bom que um dia destes a UEFA, finalmente, limite a não mais de cinco - e já são muitos - os estrangeiros que podem jogar em cada equipa europeia.

Por este critério - deixa-me puxar a brasa ao meu leão - o verdadeiro campeão foi o Sporting Clube de Portugal. Por duas ordens de razões: porque chegou a iniciar jogos com oito portugueses, todos oriundos das escolas de formação em Alcochete. E porque o seu orçamento é um terço do do FC Porto e menos de metade do do Benfica.

Convém ainda lembrar que nesta caminhada para o tetra, há dois momentos decisivos em matéria de arbitragem. O primeiro foi quando o Benfica vencia por 1-0 no Dragão e o árbitro Pedro Proença marcou um incrível penalty contra os encarnados, o que deu origem a um empate no final. E outro quando, com 0-0 contra a Académica e em cima do intervalo, o árbitro Benquerença não viu Raúl Meireles meter a mão à bola dentro da área - um penalty do tamanho da Torre dos Clérigos que ficou por marcar.

E nestes quatro campeonatos há ainda um que me está atravessado: o de 2006/07, em que o FC Porto venceu com um ponto de vantagem sobre o Sporting - o tal em que perdemos três pontos em Alvalade com um golo metido com a mão de um jogador do Paços de Ferreira.

Duas notas finais: uma para dizer que o Benfica, pelo quarto ano consecutivo, nem segundo consegue ser, apesar deste ano ter gasto milhões e milhões na compra de jogadores. E outro para dizer que o treinador e a equipa que merecem uma estátua são Lázaro e o Estrela da Amadora. Com salários há muitos meses em atraso, com situações dramáticas entre os jogadores, o que é certo é que o Amadora vai ficar na Liga. É mais que merecido. A não ser, claro, que para o ano seja a valer - e que quem tiver salários em atraso seja afastado por concorr~encia desleal da primeira divisão portuguesa.