Serenidade precisa-se

Ao fim da 2ª jornada da 1ª Liga, podem tirar-se já algumas conclusões. Uma: que o FC Porto é, dos três grandes, a equipa mais consistente, tendo Jesualdo Ferreira reposto (através da mudança táctica que operou contra o Nacional, na segunda parte e no flanco esquerdo: adiantar Álvaro Pereira e compensar esse adiantamento) um pouco mais de Cissokho (que na época passada ajudou, e de que maneira!, a ganhar o tetra) no ataque portista. Com apenas um reparo: por que razão retirar do jogo Varela para a entrada de Cristian Rodriguez e não Mariano Gonzalez, mais uma vez incompetente na hora da verdade?

Outra: que, perante equipas mesmo inferiores à sua no papel, o Benfica de Jorge Jesus não vai lá. Por várias razões, mas também porque Aimar, Saviola e Di Maria não são, como já o vêm demonstrando há muito, jogadores (digamos assim) de campeonato. Contra os Poltavas, está bem. Contra Guimarães, Braga, Marítimo, etc., etc., para já não falar do FC Porto e do Sporting, é outra música.

Terceira conclusão: o Sporting só tem 1 ponto, é certo, mas o Benfica, ontem, aos 90 minutos, só tinha 2, e Targino falhou (aliás com a sua equipa reduzida a dez) dois golos daqueles a que se costuma designar por certos porque, se assim não fosse, Jorge Jesus poderia ter saído do Afonso Henriques de mãos a abanar. E o FC Porto não tem 6 pontos, tem 4. Curiosamente, para não dizer estranhamente, parece que está a resultar para além do previsível não só a campanha da imprensa benfiquista de "despedir" Paulo Bento mas também a de alguns sócios e adeptos sportinguistas, que se vêm deixando infantilmente (ou por atitude mais perversa) arrasar por essa onda de destabilização.

Quando parece mais do que evidente que será a estabilidade - no que diz respeito ao treinador e ao plantel - que mais uma vez poderá dar frutos em Alvalade. Se bem que os frutos possíveis, uma vez que Pedro Silva está longe da condição que exibiu em 2008/09, André Marques é fraquinho, Matias Fernandez ainda não percebeu por inteiro aquilo que o 4-4-2 em losango do Sporting lhe pede e, tal como é seu costume em cada início de época, Liedson tarda em chegar à grande forma. E Izmailov faz muita falta. Quanto ao "murro na mesa" de Bettencourt: lá dentro, é como o outro. Na imprensa, é alimentar a campanha.

Finalmente: Domingos leva 6 pontos e é líder isolado, demonstrando assim que o anúncio, tão propalado para não dizer desejado, da sua morte foi manifestamente um exagero... E Manuel Machado: pediu serenidade ao público, aos dirigentes, aos técnicos e aos árbitros. Só faltou pedi-la (mais: exigi-la) aos seus jogadores. Que, pelos vistos, bem precisam dela.

P.S. - Cristiano Ronaldo disse que queria ganhar tudo, esta época, pelo Real Madrid. Impossível: a Supertaça já não ganhou... E depois, fiado nas super-contratações do seu clube, ele esquece as do Dani Alves, Marquez, Puyol, Xabi, Iniesta, Henry, Messi, etc., etc., e, ainda por cima, Ibrahimovic, tudo jogadores (com a excepção do sueco) com a vantagem de terem tido um muito mais dilatado tempo de adaptação ao clube... Ah, e os catalães não mudaram de treinador. Nem precisavam.