4 janeiro 2013 16:43
4 janeiro 2013 16:43
São poucas as universidades privadas que cumprem a lei. No fundo seguem os bons exemplos. A lei não é uma coisa que também serve para transgredir?
A Inspecção-geral de Educação detectou irregularidades em 34 instituições de ensino superior privadas. E há de tudo. E para todos os gostos desde que ninguém repare e que a sua função científica e pedagógica não seja beliscada: como empresas que são, estas universidades é suposto que sejam lucrativas. O resto é secundário, perdão, superior.
E aqui temos especiosas singularidades. Professores que acumulam funções com instituições públicas o que só revela que para além de competentes são ubíquos.
Raras instituições cumprem o ratio obrigatório de um doutorado para 30 alunos. Então se o doutorado corresponder a 50 ou 100 alunos só demonstra que o docente tem corpinho para eles.
Muitas actas não aparecem assinadas. Mas para que serve um rabisco? Uma assinatura é coisa despicienda. Só serve para fazer tremelicar uma mão docente.
No Instituto Bissaya Barreto, em Coimbra, não há um projecto científico, pedagógico, cultural. Mas deve haver seguramente projecto de instalações electricas, de águas pluviais, de esgotos, de telecomunicações. Então já não são projectos a mais?
No Instituto Superior de Línguas e Administração, de Santarém, as contas não foram certificadas por um revisor oficial de contas. E ainda bem. Então a adminsitração não sabe fazer contas? E já bastam as revisões de provas de exame que muitas vezes mais não são de que um verdadeiro quebra-cabeças.
A Universidade Lusófona do Porto não tem os estatutos regulamentados, a composição do conselho pedagógico é irregular, o regulamento disciplinar não está aprovado pelo órgão competente, enfim, ninharias. A universidade tem estatuto, o conselho pedagógico deve estar muito bem composto com os docentes com gravatas da Valentino e as docentes com écharpes da Chanel e indisciplina é coisa que não deve existir, mas sim compostura.
Na Escola Superior de Artes e Design de Matosinhos o conselho consultivo não estava a funcionar. Não é crível. Algum dos inspectores se lembrou de passar pela marisqueira de Matosinhos? Uma reunião consultiva à volta de uns camarões de Espinho e uns finos pode ser mais conveniente para conselheiros avisados.
Cumprir a lei para quê? O confisco dos subsídios e das pensões não foi declarado inconstitucional em 2012. E o governo devolveu o seu a seu dono?
Nós temos uma constituição robusta. Só serve para, a começar pelos deputados, governantes, magistrados, lhe faltarmos ao respeito.
Deixem as privadas muito privadas privarem com quem quiserem. O prestígio está lá impoluto. Mais do que não seja para consumo privado. E um diploma quando certifica habilitações poderosas já ninguém se lembra por onde foi emitido.