Falta de castigo

Sacando do inferior para o superior

7 dezembro 2012 18:01

José Alberto Quaresma

7 dezembro 2012 18:01

José Alberto Quaresma

Sacando directamente do inferior para o superior o Ministério da Educação resolveu fazer justiça orçamental.

Ágil e hábil na gestão financeira, tira do pequenino para dar ao grande. As instituições do ensino superior vêem reforçada a sua dotação em 42,8 milhões de euros.

A contestação legítima e em voz alta dos reitores, alertando para a degradação do ensino superior se os cortes fossem feitos, deu bons frutos.

As escolas básicas e secundárias, de voz baixa ou afónicas, têm dificuldade em bater o pé. E vêem sair dos seus já depauperados cofres 22,5 milhões de euros.

Ao mesmo tempo o Ministério da Educação transfere generosamente para os privados, colégios com "contratos de associação", escolas profissionais e associações de pais a verba de 206 milhões de euros, praticamente a mesma do ano transacto.

O Ministério bem tenta abrir guerras sem sentido entre graus de ensino. Ninguém duvida que a universidade precisa de dezenas de milhões de euros para cumprir a sua função imprescindível na formação e qualificação de quadros superiores e no desenvolvimento da investigação.

Agora que o governo o imponha à custa de uma vil extorsão aos estabelecimentos de ensino público que ministram a escolaridade obrigatória, que vai até ao 12º ano, é que me parece inaceitável.

O número de professores inscritos nos centros de emprego aumentou brutalmente. Em Outubro eram mais de vinte mil, contra treze mil no período homólogo do ano anterior. Assistem pávidos, irmanados no mesmo infortúnio, ao desmantelamento da escola pública. E irão praticamente de mãos vazias mendigar o subsídio de desemprego.

Mas há gente feliz sem lágrimas. Um só director de uma agremiação de colégios privados colecciona dezenas de automóveis pessoais. Uma frota impressionante certamente equipada com GPS e à custa dos dinheiros públicos.

Esta governação é um imenso, desnorteado e implacável GPS. Orienta amigos e deixa o país à nora exaurido. Estamos governados.