25 janeiro 2013 11:30
25 janeiro 2013 11:30
Mulas é um dos coautores do estudo do FMI que prescreveu a receita para a reforma do Estado português e o corte de 4.000 milhões de euros na despesa pública.
Como sabemos estas medidas constituem brutais coices no já estonteado povo. E o governo prepara-se para ferrar bem os cascos da máquina de tortura fiscal para que sejam impiedosamente aplicadas.
Relvas, Gaspar e Passos, com o regresso aos mercados da Ribeira e do Bolhão, exultam. E, em parte, a Mulas devem a generosidade e a inspiração para a política financeira da paróquia de S. Bento. Nada vai mudar na austeridade. Mas o povo já parece embalado, pela carroça do poder aos solavancos, para os amanhãs que cantam.
Acusado de fraude, Carlos Mulas Granados, foi demitido do FMI por ter recebido, e muito, por trabalhos que não fez. Se os tivesse feito recebia na mesma. Ao menos não andou a toque de chicote.
Pensava-se que tinha plagiado, um processo criativo que Clara Pinto Correia utilizou há tempos para assinar umas crónicas, em tradução directa do original americano.
Sabendo a atracção de mulas por relvas, é natural que o Carlos espanhol se tivesse inspirado no Miguel português. Este nem precisou de plagiar para tirar o curso. Foi muito lesto em falta de estudo e de trabalhos académicos. Mas, como não podia deixar de ser, é um dos grandes apoiantes da receita para doentes terminais que o FMI prescreve.
À velocidade desta luz mediática que nos ofusca, ficámos já a saber que afinal o autor dos estudos não é Mulas mas a ex-mulher deste, Irene Zoe Alamedas. Alamedas apontava os caminhos tortuosos do Mulas e assinava por Amy Martin. Este pseudónimo aparece dada a grande admiração literária por Martin Amis, moço da minha idade, novelista inglês e filho do escritor Kingsley Amis.
Ex-mulheres como esta já não há. Iliba o ex-marido e assume a autoria da trafulhice. Alamedas deve ter ouvido cobras e lagartos de Mulas, Ou, no mínimo, um daqueles mimos com que um marido despeitado obsequia a esposa num arrufo doméstico: "Sua Mula!". Separados no matrimónio. E unidos, no fundo, monetário, que é o que conta. Até que a morte os separe. Ou Cristine Lagarde os ampare. Mas tudo se perdoa. Se fosse a minha ex, acusava-me de violência no estábulo. Eu ainda andaria à nora nas cavalariças dos tribunais de família vinte anos depois.
Também perdoo tudo. Não tenho outro remédio. Mas faz-me confusão que seja gente desta, abaixo de qualquer suspeita, a governar a minha casa, através dos mordomos de serviço eleitos para um quadriénio de terror com a mentira da não subida de impostos.
No entretanto, é melhor mandar mulas às relvas antes que a chuva passe e o pasto seque.
E não ter saudades dos tempos de bafio autoritário, quando Maximiano de Sousa (Max) criou a sua mula da cooperativa que devia ter dado dois coices no telhado do palácio do presidente do conselho. Ó és tão linda!
O Zé da Adega, se fosse vivo, também não saberia cantar este triste fado...