25 outubro 2009 9:00
25 outubro 2009 9:00
Durante o Estado Novo, um dos sectores mais pobres da vida económica de Portugal era a agricultura, nela trabalhando mais de um terço da população. O ponto crítico era o sul do país, com a propriedade das terras concentrada em pouco mais de meia dúzia de pessoas. Assim que rebentou a Revolução dos Cravos assistiu-se, nos dois Alentejos, à ocupação da maioria dos terrenos.
Sob o lema "A terra a quem a trabalha", os trabalhadores do campo ocuparam as grandes propriedades, escorraçando os donos. Surgiam assim as Unidades Colectivas de Produção, protegidas pelos poderes de então. Era a Reforma Agrária na sua expressão mais revolucionária, logo instituída por lei do Governo provisório, o que permitiu a formação de várias cooperativas agrícolas: Margem Esquerda, 1º de Maio, Muralha d'Aço, Catarina Eufémia, etc.
Muitos milhares de hectares passaram a ser geridos pelos trabalhadores - ou pelos seus partidarizados representantes. Na Herdade da Lobata, por exemplo, o proprietário foi sitiado durante alguns dias pelos seus empregados e por vários manifestantes oriundos de Lisboa, com a GNR por perto sem que pudesse intervir.
Com a confusão instalada, o Alentejo tornou-se um foco de conflitos, que só teve o princípio do fim com a publicação da famosa Lei Barreto, em 22 de Julho de 1977.
