26 setembro 2013 8:00
26 setembro 2013 8:00
Cavaco Silva disse ontem que quer uma consolidação "amiga do crescimento económico".
Mas há nove meses, na mensagem de Ano Novo, Cavaco referiu: " a austeridade orçamental conduz à queda da produção e à obtenção de menor receita fiscal, segue-se mais austeridade para alcançar as metas do défice, o que leva a novas quedas da produção e assim sucessivamente. É um círculo vicioso que temos de interromper". Foi o célebre discurso da espiral recessiva.
Ou seja, a austeridade mata o crescimento económico.
A expressão consolidação orçamental é apenas uma forma polida para não dizer austeridade orçamental.
Ou seja, Cavaco disse uma coisa em Janeiro e outra agora completamente diferente.
Mas, para não parecer contraditório, embrulhou-a no "sound byte" "consolidação, amiga do crescimento económico"
Só faltava esta no jogo politico de ilusões: Cavaco a fazer "sound bytes" à Paulo Portas.
Passos também falou ontem sobre a situação económica portuguesa.
O primeiro-ministro continua a querer "consolidar" a dívida até à última gota, capital e juros, sem uma estratégia para renegociar com os credores.
Vangloriou-se de ter pago esta semana 6 mil milhões de euros de dívida de... 1998, do tempo de Guterres, da Expo 98 e da Ponte Vasco da Gama.
É um discurso "amigo dos credores". E é outro "sound byte". O de Cavaco é de esperança, para conforto dos crentes do optimismo. O de Passos é de renúncia e sofrimento, para fazer delirar os que são capazes de viver a pão e água uma vida para pagarem honradamente dívidas com juros usurários. No final pagam, mas já morreram.