É preciso topete

Rui Rio relança... António Costa

31 julho 2013 8:00

Paulo Gaião

31 julho 2013 8:00

Paulo Gaião

Há quem diga que um dos segredos do Bloco Central entre 1983 a 1985 residiu na amizade entre Mário Soares e Mota Pinto.  

O próprio Mário Soares ainda hoje lembra com saudade o forte relacionamento entre os dois.

Muitos crêem que perante a degradação da economia e a possibilidade de um novo  pacote de ajuda ao país (que implicará novas medidas de austeridade) será inevitável um governo com amplo apoio parlamentar.

Cavaco Silva lançou esta profecia quando há quinze dias deu luz verde à continuação do actual Governo.    

Belém defende, porém, que o entendimento alargado se fará mesmo sem eleições.

Ora, é impossível um acordo entre Passos Coelho e António José Seguro.

Em 1983, também só se chegou ao Bloco Central após eleições legislativas que não deram maioria absoluta nem ao PS nem ao PSD e conduziram a uma subida eleitoral do PCP e do CDS.

Mário Soares e Mota Pinto coligaram-se então no governo para aplicar o pograma do FMI, que ajudava o país pela segunda vez.

Hoje, quem seriam o Soares e Mota Pinto do século XXI?

Certamente António Costa e Rui Rio, dois amigos que se respeitam, com cumplicidades políticas e pessoais várias, compondo um dueto que até esteve presente no Clube de Bilderberg.  

Rui Rio deu ontem o pontapé de saída para a sua candidatura a líder do PSD na entrevista que deu ao jornalista Vitor Gonçalves na RTP 1. Criticou o PSD, o governo, a ministra das Finanças, por onde passou o tornado da recente crise política.

António Costa, mesmo que ganhe Lisboa em Setembro, poderá ser obrigado a candidatar-se à liderança do PS a tempo de disputar as próximas legislativas.

Rio dizia ontem que só regressará à política se acontecer algo de "transcendental".

Costa também pensará  o mesmo sobre a hipótese de tomar o lugar de Seguro.

Mas o que não faltará certamente a Portugal nos próximos meses é "transcendentalismo".