1 agosto 2013 9:00
1 agosto 2013 9:00
A crise é o que é. Não compro os livros que comprava. A Internet fornece o que leio. Aprendi a ser pirata também.
Desde sempre habituei-me a mandar livros: Gramáticas e Clássicos de todo o lado do mundo. Todos: Latinos e Gregos. Loeb, Oxford Classical Texts. Chegam-me livros da Common Wealth: Nova Zelândia, Austrália, Johannesburg, Oxford, Cambridge, Munique e Berlim.
Tucídides escreve a dividir os anos em Primaveras e Verões.
Compro todos os comentários. A gramática não chega.
Chegou-me o primeiro volume da Loeb. Quero ir para a praia sem dicionário. É para aprender Inglês. Sou snob. Estudo Grego desde os 16 anos.
Chegou um livro em casa da mãe. Nunca estou na minha.
Abri o pacote. O cheiro era diferente de todos os outros.
Li a introdução. Vi os mapas.
Tucídides morreu assassinado.
"O cheiro do livro", diz a mãe.
O cheiro.
1919
Não tem importância o tempo. Estamos a falar do maior prosador da antiguidade. Claro que prefiro Tacitus. Mas o cheiro. O cheiro.
A Guerra do Peloponeso.
Quantas almas?
E se o meu coração for para Esparta.
Eu sou Dórico.
O Sétimo livro das Historiae Thucudydes ensinam.
O cheiro. O cheiro.
Ensinam-me, MESTRE, tudo.
O teu Grego.
O teu exílio.
A tua morte.
Quantas Primaveras trouxeram a morte?
Quantos Invernos trouxeram a morte?
O Inimigo não são os atenienses nem os espartanos.
São os persas.
O meu livro recebido hoje tem 94 anos.
Quantas gerações o leram?
Eu morro só com o cheiro!