22 abril 2014 8:40
22 abril 2014 8:40
Até a Máfia sofre com a crise económica. O chefe de um clan siciliano foi agora gravado numa escuta a queixar-se do efeito que os cortes orçamentais do governo estão a ter sobre a sua família. Cada vez é mais difícil extorquir dinheiro suficiente, queixa-se o homem no vídeo de onde saiu esta foto. Pelo caminho que as coisas levam, desespera ele, é melhor os mafiosos mais novos terem um emprego 'real' - quer dizer, fora do crime.
Giovanni di Giacomo, o 'boss' em questão, está preso há algum tempo, mas continua a ordenar assassinatos e outros actos de gestão mafiosa a partir do cárcere. As autoridades, pela sua parte, têm recorrido cada vez mais vez a escutas (na cadeia e não só) com efeitos dramáticos para a Cosa Nostra. Desde 1993 a cúpula da organização não consegue reunir-se, o que a tem paralisado.
A situação chegou a tal ponto que neste momento a principal preocupação de muitos mafiosos presos, incluindo os chefes, é continuarem a receber da organização um subsídio de algumas centenas de euros para terem uma vida um bocadinho mais confortável na cadeia. O esquema privado de segurança social da Máfia...
Austeridade arruinou negócio da extorsão
Aí entram os problemas de liquidez. Desde que o governador da Sicília lançou um programa de austeridade, sectores vitais como a construção e a hotelaria - onde a máfia extorquia boa parte dos seus proventos - ressentiram-se muito. Actualmente a Porta Nuova, o grupo de Giacomo, não consegue obter mais do que entre cinco e sete mil euros mensais por essa via.
Dividido pelos presos, dá uma miséria. Isso apesar de apenas os mafiosos seniores estarem abrangidos. Quanto aos juniores, agora excluídos do bolo, mais vale evitarem a cadeia, onde deixaram de ter garantida a boa vida do antigamente. Mal por mal, aconselha Di Giacomo, arranjem um emprego honesto. Por mais humilhante que isso seja.