Courrier Internacional

Um discurso sobre Direitos Humanos que soa a falso

27 maio 2012 15:00

ilustração de bromley, reino unido

À margem de um fórum internacional sobre a liberdade da Internet, um inquérito revelou a conivência do operador sueco-finlandês TeliaSonera com um grande número de ditaduras.

27 maio 2012 15:00

Trezentos e cinquenta convidados, vindos de todas as regiões do mundo, estiveram reunidos no Stockholm Internet Forum* [em 18 e 19 de abril] para debater os meios de fazer avançar a liberdade na Internet. Este fórum é uma excelente iniciativa, num domínio em que a Suécia desempenha um papel internacional de que se pode orgulhar. A Primavera Árabe, designadamente, mostrou a importância que as novas tecnologias podem assumir.

Contudo, na mesma altura, a emissão "Uppdrag Granskning" [Missão Investigação], do canal de televisão SVT [televisão pública sueca] veio pôr seriamente em causa a imagem da Suécia como país promotor da liberdade. A investigação revelou que o ditador bielorrusso Alexandre Lukachenko recebia ajuda da empresa sueco-finlandesa TeliaSonera para vigiar e perseguir a população do seu país.

Colaboração com o KGB

Na qualidade de importante acionista da empresa Turkcell, a TeliaSonera é proprietária da operadora de telefones móveis bielorrussa Life, que, por seu turno, colabora com o KGB. Deste modo, os serviços secretos bielorrussos têm acesso direto às informações sobre a localização dos utilizadores, a identidade dos seus interlocutores e a natureza dos SMS que enviam.

Segundo o documentário, estas práticas não resultam de qualquer decisão judicial. O KGB dispõe de acesso administrativo direto a todas as informações e utilizadores, em tempo real, 24 horas por dia. E a Bielorrússia não é um caso isolado.

É o caso das empresas Kcell do Cazaquistão, Geocell da Geórgia, Tcell do Tajiquistão, Ucell do Usbequistão e Azercell do Azerbaijão, todas elas filiais da TeliaSonera. A Azercell inclui-se entre os patrocinadores do concurso Eurovisão 2012, que se realizará em Baku, capital do Azerbaijão. Os serviços secretos deste país têm um gabinete próprio na sede da Azercell.

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