25 maio 2012 9:00
Perante o impasse na Grécia e a viragem política em França, que irá fazer a Europa para conciliar crescimento económico e equilíbrio das contas públicas? Saiba mais na edição de Junho do Courrier Internacional, hoje nas bancas.
25 maio 2012 9:00
No mesmo dia em que François Hollande vencia Nicolas Sarkozy, na Grécia as eleições legislativas castigavam os partidos do arco governativo e desembocavam num Parlamento pulverizado e incapaz de formar coligações sólidas. Durante dois anos, só tínhamos ouvido discursos sobre economia, mercados e taxas de juro. É altura de voltarmos a falar de política.
Até porque, desde 2010, já caíram governos (ou Presidentes) em 15 países europeus. O denominador comum é óbvio: penalização dos partidos no poder devido à crise e às medidas de austeridade. Da Hungria à Finlândia, de Espanha à Dinamarca, do Reino Unido à Roménia, o eleitorado tanto trocou socialistas por conservadores como fez o inverso, centristas e liberais também andaram ao sabor das marés.
A recusa da austeridade pela austeridade
O significado da vitória de François Hollande transcende em muito as fronteiras francesas. Se houve coisa em que o candidato socialista foi claro foi na rejeição da austeridade pela austeridade, salientando a necessidade de haver apostas no emprego, no crescimento económico e nos grandes projetos à escala europeia. De Berlim vieram os primeiros sinais de abertura, com o secretário de Estado do Orçamento de Merkel a ressalvar que não era justo ver os alemães "como os talibãs do liberalismo".
Angela Merkel e François Hollande pensam coisas diferentes politicamente, mas será isso um obstáculo a um entendimento mútuo? Como se refere num dos textos do tema de capa, a sra. Merkel já mostrou ser muito mais pragmática do que alguns dos que a rodeiam. Por outro lado, nos anos 1980, um outro François - Mitterrand - passou a entender-se muito melhor com o seu homólogo conservador Kohl que com o antecessor deste na chancelaria, o social-democrata Helmut Schmidt. Em política, e ao contrário do que dizia Salazar, nem tudo o que parece é.
O lugar da Grécia
Nesta Europa que vai ter de repensar modelos, princípios e práticas, que lugar fica para a Grécia? Os gregos deram nas urnas um fortíssimo sinal de rejeição da austeridade imposta do exterior e que, dois anos volvidos, nem o problema que se propunha solucionar - o défice - conseguiu resolver. Se uma potência estrangeira tivesse ocupado militarmente a Grécia, não lhe estaria a impor medidas mais gravosas que as atuais.
De resto, convém não perder de vista que o país tem outras alternativas para além da permanência a todo o custo na União Europeia. O historiador britânico Niall Ferguson imaginou um cenário em que a Grécia saía da UE e se tornava na base estratégica russa no Mediterrâneo (perdida a influência de Moscovo na Síria) e no entreposto portuário das exportações chinesas para a Europa. E, surpresa das surpresas, daqui por cinco anos estava de boa saúde económica. A inflexível União Europeia é que não.
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