Aparelho de Estado

Consta que o DN já não tem cronistas de direita

30 dezembro 2009 9:20

Vasco M. Barreto

Das propriedades alucinogénicas das filhoses.

30 dezembro 2009 9:20

Vasco M. Barreto

Por causa da saída de João Miguel Tavares do DN, Rodrigo Moita de Deus acaba de passar um atestado de irrelevância a Maria José Nogueira Pinto, Adriano Moreira, Vasco Graça Moura, João César das Neves, Alberto Gonçalves e Pedro Marques Lopes.

Sendo a direita pela "flexibilidade" no emprego, como se explica esta sensibilidade à saída de João Miguel Tavares? A explicação é multifactorial.

Ter uma coluna de opinião não é um emprego, é um privilégio. A direita sempre defendeu o privilégio vitalício.

Por causa da fase incendiária de Saramago no DN, em 1975, até a saída de um estafeta deste jornal é hoje vista como "purga ideológica".

João Miguel Tavares escreve coisas más sobre José Sócrates e diz-se que o DN é o jornal oficial do governo. Diz-se até que é aquele que recebe mais publicidade do governo, embora seja mentira. Segundo a Marktest, de Janeiro a Setembro de 2009, o governo gastou em publicidade 4,4 milhões de euros no Correio da Manhã, 2,4 no Jornal de Notícias, 1 milhão no DN, 876 mil no Público e 54 mil no 24 Horas. Cruzando estes dados com as tiragens, os únicos jornais que terão eventualmente razão de queixa são o Jornal de Notícias e o 24 Horas e não se topa um favorecimento óbvio do DN.

Goza de alguma popularidade, à direita e também à esquerda, a tese de que os jornais devem definir claramente a sua orientação política. Como Portugal é um país que preza a estabilidade, não é de excluir a hipótese de que alguns dos defensores desta ideia pretendam concretizá-la sem transferências de colunistas na imprensa, apostando antes na reeducação ideológica dos colunistas de cada redacção que estiverem em minoria.

Para quem esteja livre destes delírios e apenas tenha acesso à informação pública, o que houve foi o mercado a funcionar , mas alguma direita tem dificuldade em ver o mercado a funcionar quando não há um patrão e um operário na história - a culpa é do Marx, claro.

Adenda: João Miguel Tavares explica