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A Nossa Senhora de Fátima vai aparecer no Conselho de Estado?

16 maio 2013 8:00

Tiago Mesquita (www.expresso.pt)

16 maio 2013 8:00

Tiago Mesquita (www.expresso.pt)

Cavaco Silva destacou, na terça-feira passada, os efeitos positivos da aprovação da sétima avaliação da Troika para Portugal, declarando que se tratou de uma "inspiração de Nossa Senhora de Fátima".

"Foi tomada uma decisão muito importante para o nosso futuro: colocámos atrás das costas a sétima avaliação" afirmou, completando com  "penso que foi uma inspiração da Nossa Senhora de Fátima, do 13 de Maio. É o que a minha mulher diz".

Ora bem, se Maria Cavaco diz, Aníbal acredita, e aparentemente devia chegar para o comum dos cidadãos. Acho, sinceramente, enternecedora esta relação de confiança, quase cega, após tantos anos de casamento. É bonita. Mas, tratando-se de uma avaliação da Troika que pode pôr em causa o futuro do país, talvez fosse conveniente sermos um bocadinho mais exigentes. Ficarmos pelas convicções religiosas e fé de Maria Cavaco parece-me arriscado. Até porque Deus escreve direito por linhas tortas. Por esta ordem de ideias, mais vale entregar o governo ao Cardeal Patriarca de Lisboa e as pastas das Finanças, da Economia e dos Negócios Estrangeiros aos três pastorinhos. E seja o que Deus quiser.

Não faço ideia se, depois desta epifania religiosa de Maria Cavaco, o Conselho de Estado, entretanto convocado pelo Presidente da República (ou terá sido agendado pela Nossa Senhora de Fátima?), irá afinal realizar-se na capelinha das aparições. Ou se vão optar por realizar o evento na Cova da Iria, todos a olharem para o céu, à espera de algum fenómeno fora do vulgar que resolva os problemas do país. Quem sabe, o ministro Paulo Portas, de túnica branca, sentado num galho de oliveira, a revelar segredos (de Estado).

Uma coisa é certa. Não é de hoje que acredito, e nada tem que ver com religião ou crença, apenas senso comum, que é mais seguro termos fé nas inspirações de Nossa Senhora (de Fátima e não da esposa de cada um), relativamente aos problemas que enfrentamos, do que esperança nas "aparições" esporádicas e inconsequentes do Presidente Aníbal Cavaco Silva. 

 

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