O País dos Prodígios

Os professores podem mudar as escolas

5 março 2008 14:02

5 março 2008 14:02

Num dos comentários aos comentários que me fizeram no post anterior, desafiando-me a apresentar soluções, escrevi o seguinte:

Não pretendo, como é óbvio, ter soluções na manga nem sou especialista no assunto. Deixo, no entanto, algumas ideias que ao longo dos anos tenho defendido:

1) Liberdade para os pais escolherem a escola dos filhos. O Estado subsidiará o ensino através de cheques-educação e não através do subsídio às escolas que muitas vezes se transforma em subsídios à gordura das instituições e ao desperdício;

2) Descentralização da gestão das escolas, através de um gestor nomeado por uma Comissão do Agrupamento escolar. Essa comissão deve ter professores, pais e responsáveis locais, ao nível de Câmara e autarquias. Como é óbvio, quanto melhor a escola mais alunos e recursos, de acordo com o ponto 1).

3) As contratações, nomeações e avaliações dos professores deixam de ser feitas pelo Ministério para serem pela Comissão da Escola ou agrupamento escolar, ou pelo gestor se assim for entendido e delegado;

4) Os manuais escolares, que devem estar de acordo com um programa nacional, são propriedade da Escola e entregues anualmente aos alunos, que os devolvem. Os manuais, ao contrário do que tem acontecido, não devem ter espaço para preencher pelos alunos nem mudar constantemente. É preferível ensinar bem matéria ligeiramente desactualizada do que andar à procura da última moda (para os incrédulos, é assim na Bélgica em certos Estados dos Estados Unidos, nos países escandinavos, etc.)

5) Exames nacionais de fim de ciclo (4º, 6º 9º e 12º anos) em todas as disciplinas fundamentais, de acordo com o grau. Isto significa no 9º ano, por exemplo: Português, Inglês, terceira língua, História, Matemática, Geografia, Ciências (Física e Química, Biologia) e no 12º ainda Filosofia. 6) Retenção dos alunos (chumbos) e passagem compulsiva para o ensino profissional em caso de mais duas retenções no mesmo ano (caso o aluno não aceite, retira-se o cheque-educação). Enfim, uma revolução, como vê.

Estou convencido que medidas como estas podiam ainda salvar a nossa escola do descalabro. Mas estou igualmente convicto que nem o Ministério nem os sindicatos as aprovariam.

Os professores podem mudar as escolas, sobretudo se não tiverem medo da mudança, se confiarem em si e se não temerem a sua própria autoridade.

Será possível?

Ou continuaremos no caminho em que estamos, em que nem os conhecimentos radicionais, nem as novas tecnologias se aprendem? Será possível contentarmo-nos com uma sociedade de ignorantes?

Estas são perguntas que vão ficando sem resposta. Mas o debate, esse continua. E espero que dele - feito em tantos lados e também aqui - saia alguma luz.

A guerra dos profs