29 fevereiro 2008 18:18
29 fevereiro 2008 18:18
A contestação generalizada dos professores à avaliação tem um lado negro. Mas vou começar pelo lado certo dessa contestação.
Basta ver na proposta a confusão que resulta de um projecto ultra-burocrático para se perceber que o modelo jamais será implantado, pelo menos de forma imparcial e justa.
O modelo do Ministério, ao invés de ser simples e concreto, de forma a que não só os professores, como os pais e os próprios alunos mais crescidos, compreendam, investe por uma série de caminhos, atalhos e impasses próprios de quem quer prever todas as situações e acaba perdido na teia que, entretanto, teceu.
É, pois, normal, que os professores repudiem tal método.
Mas há o lado negro, aquele que é impulsionado pela maioria dos dirigentes sindicais: o medo da avaliação.
Na verdade, subsiste quem acha que jamais deve ser avaliado num sistema em que chegou a haver créditos fornecidos aos professores pela sua participação em cursos idiotas.
É por este lado que o Governo se defende, atirando as culpas para cima de professores preguiçosos, indolentes e incompetentes, como se dos professores fosse a culpa (exclusiva ou principal) do sistema de ensino que temos.
Porque, antes da avaliação e da própria gestão das escolas (que são boas ideias, ainda que com concretizações muito discutíveis) há aquilo que é essencial e que sai directamente da 5 de Outubro: os programas, os métodos de avaliação e de imposição de disciplina.
Estes três vectores podem resumir-se assim: maus programas, pouca e facilitista avaliação e indisciplina generalizada.
E disto não têm culpa nenhuma 99 por cento dos professores.