Emprego e Carreira

"Não me conhece? Sou filho de..."

5 junho 2007 21:09

5 junho 2007 21:09

Ontem almocei com o Tiago que é um dos meus amigos de longa data. O Tiago sempre se destacou, em miúdo, por ser irreverente e um nadinha "do contra". É um facto que o Tiago tende a não concordar com a maioria, mesmo quando é visível que a maioria está certa e ele está errado. Mas é boa pessoa o meu amigo. E amizade é isso mesmo, a capacidade de aceitarmos os amigos como são.

 

Em complemento a estes pequenos defeitos – que todos os temos – o Tiago é um excelente profissional e uma pessoa, acima de tudo, muito justa. Uma qualidade que já lhe trouxe dissabores numa carreira que nem por isso deixou de traçar uma curva sempre ascendente. O Tiagão, como carinhosamente lhe chamamos, é gestor numa reputada empresa do nosso mercado. Chegou onde chegou por mérito, muito trabalho e igual dose de investimento pessoal. Talvez por isso seja tão intolerante ao "factor C."

 

Ontem, o nosso almoço girou em torno dessa questão. E achei piada quando o meu amigo indignado soltou o seguinte desabafo: "pior do que meter uma cunha é não saber metê-la. É não saber estar!". Tudo porque tinha passado toda a manhã a ouvir candidatos a um processo de recrutamento em curso na sua empresa e um dos entrevistados teve a infeliz ideia de começar a entrevista com a 'tirada da desgraça': "sabe, se vir ai no meu currículo, percebe que eu sou filho do Dr. X.". Ao que o Tiago terá respondido: "e isso tem algum impacto directo na sua competência que me esteja a escapar?". Educadamente, o meu amigo terá ainda dito ao seu entrevistado que se lesse bem na porta por onde entrou, mas no sentido inverso, dizia "saída".

 

Perante a minha risota constante, o Tiago lá explicou que até tinha simpatizado com o individuo, numa situação anterior, típica de networking e dissertou sobre os erros mais comuns quando se tenta construir uma rede de contactos. Achei válido partilhar. Ora, confira se a sua estratégia está a pontuar ao lado do que deveria e realinhe-se.

 

Erro nº 1: Não saber falar!

Erros de português, tom de voz excessivamente alto ou baixo ou problema de dicção podem comprometer gravemente uma tentativa de contacto produtiva.

 

Erro nº 2: Egocentrismo

É o inimigo número um de quem procura estabelecer e incrementar uma rede de contactos. O egocêntrico regra geral não sabe ouvir e passa o tempo a falar sobre si, perdendo no imediato o interesse do interlocutor

 

Erro nº 3: Abordagem desenquadrada e mal preparada

Quando o objectivo da conversa não é bem claro você corre o risco de não ir além de uma conversa de elevador sobre o tempo e com frases soltas. Você até pode estar no sítio certo, na hora certa, com a pessoa exacta, mas tem de saber apresentar-se com um carácter diferenciador face aos demais

 

Erro nº 4: Os laços familiares

É pouco elegante querer impressionar o seu interlocutor dando a conhecer os seus laços familiares.

 

Erro nº 5: Mentir

Atenção que a mentira tem pernas curtas e o mais certo é, apesar de um possível sucesso imediato, acabar por ser apanhado na curva



Cátia Mateus, jornalista



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