7 maio 2009 14:30
7 maio 2009 14:30
É uma boa pergunta. O Primeiro Ministro Gordon Brown anunciou a semana passada um aumento das tropas britânicas no Afeganistão de 8.300 para 9.000, durante o período eleitoral deste Verão. Vão ser uma parte importante da contribuição da NATO para a ISAF, a força internacional sob mandato das Nações Unidas que agora tem à volta de 50.000 tropas de 42 países, incluindo de todos os 26 membros de NATO. Haverá um aumento cerca de 21.000 tropas americanas também. A campanha da ISAF e dos EUA tem sido sangrenta - a semana passada o número de tropas britânicas mortas aumentou para 153. Porquê continuar num país tão distante e tão difícil?
A resposta é simples; o que acontece no Afeganistão, e também no seu vizinho Paquistão, tem efeitos directos no Ocidente. Não é por acaso que a nova estratégia britânica para esta zona incorpora não só Afeganistão, mas também Paquistão; e que o Presidente Obama recebeu esta semana os Presidentes dos dois países juntos. Não vale a pena lidar com um ou outro país separadamente, apesar das grandes diferenças entre eles. A fronteira montanhosa entre os dois é muito permeável; então, temos que olhar para estes países como um conjunto.
As consequências directas para nós, no Ocidente, do que acontece nestes dois paises são nítidas;
- O Afeganistão foi a base para os ataques de 11 de Setembro 2001.
- Três quartos dos esquemas mais graves contra o Reino Unido tem ligações com o Paquistão.
- O Afeganistão é a origem de 90% da heroína que chega ao Reino Unido.
Mas claro, os meios mais adequados para resolver os problemas que surgem daí são distintos. O exército paquistanês é grande e poderoso. Nao é o caso no Afeganistão; por isso, é preciso mais segurança, o que quer dizer mais tropas estrangeiras, para garantir a sustentabilidade da paz, ordem e bem estar. Mas há duas coisas que temos de recordar sempre:
(i) Êxito no Afeganistão quer dizer que não é preciso tropas estrangeiras para garantir a paz; por isso as tropas britânicas já deram formação a 18.000 soldados afegãos;
(ii) O objectivo das forças militares é ganhar a paz, não uma guerra. E só com paz é que a população pode viver de uma maneira sustentável.
Já há muito progresso em comparação com os dias negros dos Talibãs; no Afeganistão mais 4.7 milhões de crianças foram para a escola em 2007 em comparação com 2001, incluindo os 2 milhões de raparigas que os Talibã não deixavam estudar. Em 2006 82% da população teve acesso a cuidados básicos de saúde, em comparação com 9% em 2003. Mas temos que acelerar este progresso. Por isso, a importância da acção coordenada pela comunidade internacional.
Não é fácil. Temos que aprender as lições da guerra do Iraque e também do próprio Afeganistão. Mas não podemos ignorar o problema; já vimos as consequências de ter feito isso no passado. Não é por acaso que as duas maiores Embaixadas no mundo são em Kabul e Islamabad. Mas não se pode resolver os problemas só com soft power; para assegurar paz, é preciso todas as nossas ferramentas, incluindo militares.