30 agosto 2013 8:58

à BEIRA de um ataque de NERVO
"auto-retrato" (1843-45) gustave courbet
30 agosto 2013 8:58
Um dos comentários ao "Luz e Lata" citou Benjamin Franklin : "nunca houve uma guerra boa nem uma má paz". O que é verdade, se excluirmos a paz podre e a guerra podre. O que também é verdade, é que há em nós uma tendência para o "baixinho" (basta olhar para as capas de algumas revistas, que apesar da crise continuam a vender). Felizmente não é isso que nos define, pois já demonstramos o "grande" de que podemos ser protagonistas. Somos uma mistura não "solúvel", mas que pode melhorar se apontarmos "para cima" e não nos incendiarmos uns aos outros. Ou tudo isto é mentira, e somos mesmo lobos uns dos outros e para os outros?
Claro que por "lobo" não entendo aqui o belo animal - S. Francisco de Assis escreveria um post aqui no Expresso com o título "o irmão lobo" -, mas sim a ameaça e acção de aniquilamento do "outro"; é a milenar expressão homo homini lupus, tornada famosa por Hobbes, no século XVI. Quer ela dizer que os homens, como lobos, estão em constante luta uns contra os outros (Bellum omnia omnes).
Bento XVI, na homilia do seu primeiro dia como Papa - na qual apresentou o seu "programa" de acção - usou o termo "lobo" num pedido bem realista, pedido esse, aliás, semelhante ao do Papa Francisco: "Queridos amigos neste momento eu posso dizer apenas: rezai por mim, para que eu aprenda cada vez mais a amar o Senhor. Rezai por mim, para que eu aprenda a amar cada vez mais o seu rebanho, vós, a Santa Igreja, cada um de vós singularmente e todos vós juntos. Rezai por mim, para que eu não fuja, por receio, diante dos lobos. Rezai uns pelos outros, para que o Senhor nos guie e nós aprendamos a guiar-nos uns aos outros."
Não alinho com o Rousseau do século XVIII de especiais "luzes". Porquê? Porque experimento que não sou boazinha por natureza. Selvagem sim, seguramente; o meu estado natural é mais para o descambanço. Também não vou na onda do Locke do XVII, ao defender que o consentimento constituinte da sociedade política tem por fundamento racional apenas a tendência para o egoísmo.
Em que ficamos? Aposto no positivo que encontro em mim e faço pontaria para o bem comum. Se a distinção entre natureza e convenção é "invenção" dos Sofistas, já a que se estabelece entre "o que quero" e "o que não quero" é por mim decidida cada dia, como a estratégia de "mim". Só desta forma entendo porque é que Portugal está a arder e a Síria a por-me nesta beira de um ataque, de nervo.