Luz e lata

Ela: à Prova da Bala

9 setembro 2013 7:46

Fátima Pinheiro

O nascimento da Virgem

giotto

9 setembro 2013 7:46

Fátima Pinheiro

Ontem fui à Festa de Anos de uma rapariga que muda corações. Inspira Artes e Vidas. Poemas sem conto. O de Dante, nem comento, intocável. O que Vieira escreveu para a Festa é um dos mais belos. Luis Miguel Cintra declamou-o como ninguém. Um dia um Rei de Portugal tirou a coroa que tinha na cabeça e fê-la Rainha de Portugal, "Vila" Viçosa. Ela, em 1917, no ano em que os ventos de Leste mudavam - e para o que depois se viu -, apareceu no lugar de Fátima. O Papa Francisco - de quem todos gostam tanto - dedicou o seu pontificado a esta rapariga. O saudoso João Paulo II, recomposto do atentado que sofrera a 13 de Maio de 1981, declara publicamente que a essa rapariga ficou a dever o seu longo pontificado; aos 3 anos na cadeira de Pedro, seguiram-se anos de milagre. Uma mão disparou, outra desviou a bala. Ela, outra vez. Ele, agradecido, "mudou-se" da Polaca Virgem Negra para a Senhora mais brilhante que o Sol. Ela. Vem à Cova da Iria, dá-lhe o seu anel de estimação, e a bala que nada pode fazer. Até o jovem turco que a usou, estranhou a derrota. Raspou a aorta, ao que era suposto nada sobreviver.

A 25 de Março de 1984, dia da Anunciação, o Papa de Leste fez o que a rapariga já tantas vezes tinha pedido, mas que só ele soube fazer: consagrar o mundo ao seu imaculado coração. Quem sabe ler a História, veja o que aconteceu a partir desse data. Sei que é uma rapariga que gera polémica, e que Fátima não é tema pacífico. Mas nestas coisas acredita quem tem interesse e razões. Não é o único caso em que se toma posição com base na ignorância, e não no conhecimento. Não é o que acontece de menos bom na Cova da Iria que tem o poder de apagar o resto.

António Vieira: "(...) Perguntai aos enfermos para que nasce esta celestial Menina, dir-vos-ão que nasce para Senhora da Saúde; perguntai aos pobres, dirão que nasce para Senhora dos Remédios; perguntai aos desamparados, dirão que nasce para Senhora do Amparo; perguntai aos desconsolados, dirão que nasce para Senhora da Consolação; perguntai aos tristes, dirão que nasce para Senhora dos Prazeres; perguntai aos desesperados, dirão que nasce para Senhora da Esperança. Os cegos dirão que nasce para Senhora da Luz; os discordes, para Senhora da Paz; os desencaminhados, para Senhora da Guia; os cativos, para Senhora do Livramento; os cercados, para Senhora da Vitória. Dirão os pleiteantes que nasce para Senhora do Bom Despacho; os navegantes, para Senhora da Boa Viagem; os temerosos da sua fortuna, para Senhora do Bom Sucesso; os desconfiados da vida, para Senhora da Boa Morte; os pecadores todos, para Senhora da Graça; e todos os seus devotos, para Senhora da Glória. E se todas estas vozes se unirem em uma só voz, dirão que nasce para ser Maria e Mãe de Jesus: Maria, de qua natus est Iesus (...)." (Sermão do Nascimento da Mãe de Deus). 

Somos crescidinhos e usamos a razão da forma que bem entendermos. Um dia pediram-me para ir a uma escola de crianças de 5 anos - num desses países de leste - falar de Portugal. Fiz um álbum com fotografias grandes e ia explicando. Obvio que uma imagem de Fátima não podia faltar. Já ia umas páginas à frente dela e uma miúda interrompe o Vinho do Porto, ou os Jerónimos, já não sei, e exclama: "Ela é muito linda!". "Quem?", perguntei; sim porque podia ser a Amália. A miúda: "A Senhora" (sic). "She", agora e nas horas.