7 maio 2014 8:22
7 maio 2014 8:22
O 7º Festival de Flamenco de Lisboa, com a direção de Francisco Carvajal, teve início ontem, no Lisboa Altis Grand Hotel, com uma Exposição de Fotografia "Flamencuras" de Diego Gallardo Lopez. Deixo hoje aqui uma pequena conversa com o homem que já esteve à frente de dois teatros em Madrid, que desde pequeno ouve Flamenco, e que nutre uma paixão por esta arte que, para ele, significa vida, "coisa grande". O Festival, que tem, entre outros, o apoio do Instituto Cervantes, do CCB, e a daquele hotel, contempla uma série de iniciativas que se desenvolverão ao longo de cerca de seis meses. Destacamos: hoje no Centro Cultural de Belém a atuação de "Farruquito" e, no dia 29 de outubro, sobe ao palco do S. Luiz o Trio de Jorge Prado, eleito, no ano passado, o melhor músico de jazz europeu pela Academia da Música francesa.
"Farruquito é neto do patriarca do baile flamenco, o inesquecível Farruco. Vai dar-nos um baile 'Improvisao' que, segundo o 'bailaor' (expressão específica do flamenco para bailarino), representa o regresso às suas origens.", conta Carvajal. E continua: "Queremos dar a conhecer os 'maestros' e artistas flamencos". Para Francisco Carvajal o primeiro foi o seu pai. "Ele era um especialista! Um aficionado... Estava sempre a por música flamenca; portanto desde muito cedo que tenho esta paixão....". Explique lá o core do Flamenco: "É uma música grande, culta; assim como a ópera." Assim como o pássaro de longo e elegante pescoço, que lhe empresta o nome. Mas não esquece de sublinhar que é 50% cigana e tem raízes populares: "nasceu nas casas mais humildes da Andaluzia." Sabemos também que surgiu no século XVI, juntando música popular e a imigração da Ásia, e de África, sobretudo de Marrocos. É para lá que Francisco pretende ir em 2015, para mais um certame.
E mais sobre Flamenco? " É uma arte que junta: canto, baile e pintura....O mais predominante é o canto..." Porquê? "Porque a garganta é o instrumento mais difícil, mas também o mais belo da criação!!!" "Inicialmente era uma coisa de homens...só os homens é que cantavam, as mulheres só a partir dos anos sessenta." "As mulheres começaram por cantar dentro de casa. Só depois é que os homens as deixaram cantar fora?!" Não é por acaso que O Festival de Flamenco de Lisboa tem no seu encerramento a famosa Esperanza Fernández, a cantar José Saramago, dia 16 de Novembro, no Teatro S. Luiz.
Para o homem que define o Flamenco como "vida", esta arte já faz parte do património mundial: "No Japão, por exemplo, nem imagina a quantidade de escolas de bailado que lá se encontram!; e mais, Estados Unidos, Inglaterra....".
Um homem que vem do teatro, deu-nos uma fala dançante e três homens que o marcam ainda hoje: José Luis Gómez, Albert Vidal e Dario Fo, o italiano que recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 1997.