2 novembro 2008 22:00
2 novembro 2008 22:00
O rumor sobre uma possível nacionalização do BPN por incorporação na Caixa Geral de Depósitos circulava no meio financeiro há cerca de duas semanas. Na altura o Expresso investigou a história mas nada publicou pela mesma ter sido desmentida por todos os envolvidos. Vem isto a propósito da seriedade com que determinadas pessoas trabalham. Pessoas que ocupam cargos ao mais alto nível no Estado, em reguladores e em empresas mas que não hesitam em faltar à verdade mostrando o carácter com que encaram a sua vida profissional.
O caso do BPN é o espelho da cobardia nacional. Durante anos todos os jornalistas que acompanharam minimamente o sector bancário sempre ouviram falar de José Oliveira e Costa e do seu Banco Português de Negócios. Não eram histórias inventadas mas sim suspeitas levantadas por quem estava no sector. O BPN era um daqueles casos em que todas sabiam que algo de errado se passava, mas ninguém foi capaz de dar a cara.
E onde andava o Banco de Portugal durante este tempo todo? Dois dos maiores escândalos da banca nacional dos últimos anos foram tornados públicos pelo Expresso, primeiro as aventuras do BCP depois as desventuras do BPN. É tempo de alguém assumir que o supervisor falhou redondamente e tirar consequências disso mesmo, pessoais e institucionais.
E porque falha o Banco de Portugal? Se calhar é necessário montar o lego do percurso profissional de muitos dos altos quadros do banco de Portugal (antes e depois de passarem por lá), para perceber porque tanta coisa é descoberta pelos jornais, mas pelo regulador não.
E por último, alguém sabe onde anda Oliveira e Costa. O ex-secretário de estado dos assuntos fiscais de Cavaco Silva e uma das personagens portuguesas mais misteriosas e que é o principal responsável pelo BPN ter chegado aonde chegou, ao fim!
PS. A crise financeira internacional só serviu para antecipar o que era inevitável.