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A Garota Não lança "um pedido a várias frentes: viver do que se cria e produz não é um privilégio. Pode ser apenas um direito"

A Garota Não
A Garota Não
Rita Carmo

Na sequência da entrega dos Prémios Play, Cátia Oliveira, conhecida como A Garota Não, partilhou um texto dirigido às entidades que organizam o evento, a GDA e a Audiogest, e também aos músicos. “Quero muito mais que as minhas palavras soem a um apelo sério do que a crítica ressabiada”, esclarece

A Garota Não, nome artístico da cantora-compositora Cátia Oliveira, partilhou nas redes sociais um longo texto, dirigido às entidades que organizam os Prémios Play, a GDA e a Audiogest. A gala de entrega dos mesmos aconteceu esta quinta-feira, em Lisboa, com a vitória de artistas como Ana Moura, a mais galardoada da noite, Ivandro (que venceu na categoria de Canção do Ano, com ‘Lua’) ou Sérgio Godinho, que recebeu do Ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, um prémio carreira.

A Garota Não, que estava nomeada para o prémio de Revelação do Ano (entregue à cantora Nena), começou por escrever: “Eu não era para ir, porque não sou dada a estes carnavais e todo o processo que envolve estas nomeações me [parece] ser bastante estranho, mas durante a tarde senti que era uma oportunidade de falar sobre um assunto que me valeria a viagem, caso subisse ao palco. Escrevi um texto e fui.”

A artista de Setúbal partilha, de seguida, o texto que teria lido caso tivesse subido ao palco: “Os prémios Play são organizados por duas importantes entidades - GDA e AUDIOGEST - entidades sem fins lucrativos, com estatuto de utilidade pública, responsáveis pela gestão e distribuição do dinheiro gerado por direitos de autor e direitos conexos sobre as obras musicais. Trocando por miúdos, são quem cobra a agentes como câmaras municipais, restaurantes, rádios, bares, discotecas, lojas e todo o tipo de espaços com licença para passar música, - e quem depois distribui esse dinheiro pelos artistas, criadores e editoras.”

“Têm ambas como missão valorizar e incentivar a criação cultural. São entidades poderosas em Portugal. E que podem fazer toda a diferença na vida daqueles que por paixão, sonho e vontade se propõem a concretizar projetos musicais”, acrescenta A Garota Não.

“Quero muito mais que as minhas palavras soem a um apelo sério do que a crítica ressabiada”, esclarece. "E este pedido é em várias frentes:

- que a GDA e a AUDIOGEST sejam o que se propõem ser - entidades que estão do nosso lado e nos ajudem a tornar a música numa parte mais sustentável das nossas vidas dando-nos, quanto mais não seja, informação séria e transparente sobre os caminhos que devemos percorrer nesta corrida. Conhecimento é (mesmo!) poder e nós temos de ter esse poder do nosso lado. Viver do que se cria e produz não é um privilégio. Pode ser apenas um estado, um direito

- que se tratem com RESPEITO os artistas e editoras independentes e se lhes dedique tempo e cuidado na recolha e apreciação de dados que resultam na distribuição

- que se tornem mais claros e justos os caminhos dessa distribuição."

A autora do álbum “2 de Maio”, um dos melhores de 2022 para a BLITZ, dirige-se ainda aos músicos: “Que sejamos também uma rede de passar a palavra, de nos inteirarmos e defendermos mais coletivamente - também nos cabe a nós ir atrás da informação e difundi-la. Obrigada aos cafés, restaurantes, rádios, municípios que - mesmo que só o façam para evitar multas - fazem a sua parte. É com o vosso contributo que se faz este evento e sobretudo é com o vosso contributo que a produção musical nacional pode ser mais rica e diversa.”

Pode ler aqui a mensagem completa d' A Garota Não, que menciona ainda todos os membros da sua equipa a quem agradeceria o prémio, se o tivesse ganho.

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